30/03/2011 - 21:00
Na segunda-feira 21, a siderúrgica Gerdau informa à Comissão de Valores Mobi-liários (CVM) que prepara uma oferta de ações primária e secundária que pode alcançar até R$ 5,2 bilhões. O preço por ação será conhecido em 12 de abril.
Na quinta-feira 24, o presidente da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU), Rômel Erwin de Souza, atende o celular e responde laconicamente, antes de desligar o aparelho. “A Caixa não vai comentar esse assunto.”
A companhia comandada por André Gerdau descobriu novas reservas de minério
de ferro, o que reforçou a percepcão de que deve comprar uma fatia da Usiminas
As duas cenas, separadas por um espaço de apenas três dias, são síntese de uma semana em que muito se especulou sobre o destino dos recursos que serão captados pela Gerdau, um dos maiores conglomerados industriais do País.
Desde que o grupo gaúcho informou ao mercado que fará uma nova oferta de ações, os rumores de que estaria interessada em comprar uma participação do capital da Usiminas, a siderúrgica baseada em Ipatinga, no Vale do Aço, em Minas Gerais, se intensificaram.
As ações ordinárias (com direito a voto) da Usiminas, controlada pela Nippon Steel, Camargo Corrêa e Votorantim, subiram 12,37% em março. Em 2011, elas acumulam valorização de 41,16%. Os papéis preferenciais da siderúrgica mineira também oscilaram.
Neste mês, eles têm alta de 8,53%. No ano, apenas 7,63%. A informação de que a CEU, fundo de pensão dos funcionários da Usiminas, contratou o banco de investimento Credit Suisse para vender a sua participação de 10,1% do capital votante da Usiminas, de acordo com fontes de mercado, também colaborou para essa variação.
A fatia da CEU foi oferecida para a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, para a Ternium (braço siderúrgico do grupo ítalo-argentino Techint) e para a Gerdau, de André Gerdau Johannpeter.
“A Gerdau segue atenta aos movimentos do mercado, mas não tem planos de aquisições no curto prazo”, diz nota enviada à DINHEIRO pela assessoria da empresa. “Os rumores de mercado sobre a aquisição da Usiminas são improcedentes.”
De acordo com a assessoria, o dinheiro que será captado será destinado ao plano de investimento já anunciado de R$ 10,8 bilhões até 2015 (R$ 2,5 bilhões só em 2011) e para fortalecer a estrutura de capital da companhia.
Apesar da negativa da Gerdau, o mercado considera que o negócio faz sentido. Relatório do Bank of America Merrill Lynch, do início de março, traça três destinos para a Usiminas, mas considera que a entrada da Gerdau no capital da empresa seria o mais provável.
“Tanto a CSN quanto a Gerdau possuem flexibilidade em seus balanços para comprar as participações (de Votorantim e da Camargo Corrêa), que devem valer R$ 3,7 bilhões”, escreveram os analistas Felipe Hirai, Thiago Lofiego e Karel Luketic. “A Nippon Steel iria preferir uma parceria com a Gerdau.”
No segundo cenário, a parceira japonesa exerceria o direito de preferência e assumiria sozinha o controle da siderúrgica. Na situação mais improvável, CSN ou Gerdau compraria a participação dos outros sócios para controlar a Usiminas.
Um fator que conta a favor da Gerdau são suas reservas minerais em Minas Gerais. Recentemente, o grupo anunciou que suas jazidas chegariam a 2,9 bilhões de toneladas de minério de ferro contra 1,8 bilhão de toneladas, divulgado anteriormente.
“A companhia decidiu analisar a exploração comercial de parte desses recursos”, diz a Gerdau, em nota oficial. Uma das formas, de acordo com analistas, seria se associar a Usiminas por intemédio da Açominas, principal empresa da Gerdau no País, também sediada em Minas Gerais.