O brigadeiro brasileiro fez sucesso no sofisticado almoço oferecido pelo governo indiano no Taj Palace Hotel, em Nova Délhi, quando foram servidas sobremesas dos cinco países integrantes dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A presidenta Dilma Rousseff estava à vontade ao lado do presidente russo Dmitri Medvedev, do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, do presidente chinês Hu Jintao, e do sul-africano Jacob Zuma. Mas ainda não foi desta vez, na quarta reunião de cúpula, que os líderes das principais nações emergentes conseguiram avançar para formar um bloco com unidade política. 

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Até breve: Dilma e os líderes da Rússia, Índia, China e África do Sul no final do encontro.

 

No comunicado conjunto, eles defenderam a reforma de representatividade do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, mas não houve consenso para indicar um candidato à presidência do banco, que tradicionalmente é comandado por um americano. Sobre o banco de desenvolvimento do grupo, limitaram-se a formar uma comissão de trabalho para verificar a viabilidade da instituição. Os maiores avanços foram obtidos no incentivo ao comércio entre as cinco economias que mais crescem no mundo. Pelas contas do governo brasileiro, o comércio pode dobrar em quatro anos e chegar a US$ 500 bilhões em 2015. A previsão pode parecer exagerada, mas o comércio entre os cinco países já aumentou dez vezes desde 2002, quando somava US$ 27 bilhões. “Os Brics continuam sendo um elemento dinâmico da economia global e vão responder por uma parcela significativa do comércio”, disse a presidenta Dilma. 

 

A maior oportunidade, na avaliação do governo brasileiro, está justamente no país anfitrião. Numa reunião com um grupo de 15 donos de empresas brasileiras que já atuam na Índia, Dilma incentivou-os a aproveitar as oportunidades. No ano passado, o comércio entre as duas nações somou apenas US$ 9 bilhões. Dilma afirmou que a Índia ainda carece de infraestrutura e que, ao contrário da China, não tem regras comerciais tão rígidas. Os bancos de desenvolvimento dos cinco países, entre eles o BNDES, firmaram dois compromissos que podem facilitar o comércio. Um deles serve de base para acordos bilaterais para a concessão de crédito em moeda local. O outro define as regras para confirmação de cartas de crédito em operações de exportação entre os integrantes do quinteto.

 

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