A indústria química brasileira vive um período desafiador. Por um lado, as empresas têm sido pressionadas pelo aumento do custo da matéria-prima, especialmente da nafta petroquímica. De junho até o início de dezembro, a cotação desse insumo subiu 28,6%, saltando de US$ 729 para US$ 938 a tonelada, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Por outro, as empresas veem sua fatia de mercado encolher em virtude do avanço das importações. “Neste ano, a produção do setor ficará praticamente estagnada, enquanto as vendas devem crescer na faixa de 6%”, diz Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Abiquim. 

 

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“Essa diferença está sendo coberta pelo aumento das importações.” Esse fenômeno, de acordo com Figueiredo, fez acender, nos últimos anos, o sinal de alerta sobre o setor, que passou a perder competitividade no mercado global. A preocupação se justifica. Segundo o executivo da Abiquim, o cenário de incertezas é alimentado pela combinação do chamado custo Brasil com a falta de uma política estruturada de incentivos para o setor. Ele destaca que apenas medidas isoladas, como a desoneração do PIS/Cofins ao longo da cadeia produtiva, não têm sido suficientes para recolocar o setor na rota de crescimento. 

 

Isso porque o aumento do custo das matérias-primas e o apagão ocorrido no Nordeste, em 28 de agosto deste ano, acabaram comprometendo o desempenho das empresas que atuam localmente. Nesse contexto, chama a atenção a performance da Companhia Nitro Química Brasileira, baseada em São Miguel Paulista, bairro da zona leste da capital paulista, a campeã do ranking setorial de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. No ano passado, seu faturamento cresceu 7% em relação a 2011 – subiu de R$ 332,1 milhões para R$ 354,2 milhões. No período, o lucro líquido avançou 32%, para R$ 40,1 milhões. 

 

Qual é a fórmula do crescimento? Segundo a empresa, os números refletem uma sólida política de investimentos ao longo de seus 78 anos de existência, período em que chegou a ser uma das joias da coroa do grupo Votorantim, comandado pelo clã Ermírio de Moraes. Seu portfólio é composto de ácido sulfúrico e nitrocelulose, resina usada na fabricação de inúmeros compostos, desde pólvora até tintas automotivas, passando por combustível sólido para foguetes. Desde novembro de 2011, a Nitro Química é controlada pelo grupo Faro Capital, de São Paulo. O bom desempenho é fruto de uma política agressiva de investimentos, que somou US$ 150 milhões em expansão e na modernização das instalações. Graças a isso, conseguiu se firmar no cenário global e hoje vende seus produtos em 70 países. 

 

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