17/05/2013 - 21:00
Nos últimos 12 meses, o empresário Michael Klein, filho do fundador da Casas Bahia, sempre deixou claro que tinha a ambição de comprar a Viavarejo, dona das redes Ponto Frio e Casas Bahia. Com uma fatia de 47% da companhia, o seu plano era assumir o controle, recuperando as rédeas da companhia vendida em 2009 para o grupo Pão de Açúcar (GPA), seu atual controlador. Por esse motivo, chega a ser surpreendente a decisão da família Klein de se desfazer de uma participação de 16,66% do capital total da companhia em uma oferta de ações. O Pão de Açúcar, pelo acordo de acionistas, é obrigado a acompanhar essa operação com uma fatia mínima de 10%. A oferta pode atingir até R$ 3 bilhões, de acordo com fontes ouvidas por DINHEIRO.
Klein: antes, queria retomar o comprar o controle da companhia,
vendido ao Pão de Açúcar
A notícia agitou os bancos e os investidores na semana passada e promete dar o que falar nos próximos meses no mercado financeiro. O que levou os Klein a mudar de atitude? Há várias explicações. Apesar de manifestar interesse em adquirir a Viavarejo, a família Klein nunca fez uma oferta concreta pela operação, de acordo com pessoas consultadas por DINHEIRO que participaram das conversas entre as partes. Havia também uma diferença muito grande no valor que os Klein queriam pagar, algo entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, e o que o Casino, atual controlador do GPA, gostaria de receber. Não bastasse isso, pairavam dúvidas se o grupo francês queria mesmo vender a Viavarejo.
“O varejo de eletroeletrônicos não é o negócio deles no mundo”, diz uma fonte. “Em princípio, eles não estavam vendidos, mas se chegasse uma oferta boa, os franceses a avaliariam.” Há cerca de um mês, Michael recebeu avaliações feitas por diversos bancos de investimentos, como o Credit Suisse, o Bradesco BBI, o Goldman Sachs e o BTG Pactual. Essas apresentações estimavam que a operação da Viavarejo valia entre R$ 9,5 bilhões e R$ 12 bilhões. Foi nesse momento, observando que seria difícil levar o controle da varejista, que o empresário resolveu adotar o que uma pessoa próxima a ele classificou de o plano B: desfazer-se de parte das ações. Segundo o acordo de acionistas, a família Klein tem o direito de vender outros lotes mais para a frente.
Pestana, do Pão de Açúcar: grupo terá de seguir os Klein
e vender 10% das ações
Procurado, Michael Klein não quis dar entrevista. A Viavarejo era considerada o patinho feio do grupo Pão de Açúcar, comandado pelo executivo Enéas Pestana. Suas margens eram consideradas baixas, quando comparadas com a área alimentar. Mas isso começou a mudar. Em 2012, a operação lucrou R$ 322 milhões, 210,2% a mais do que no ano anterior. No primeiro trimestre de 2013, o bom desempenho foi ainda melhor: lucro de R$ 99 milhões, alta de 569,2%. Segundo fontes ligadas à rede varejista, o primeiro semestre será espetacular, o que corrobora o bom momento para fazer a oferta de ações. Parte desse resultado pode ser atribuído a um plano de corte de custos, com o objetivo de melhorar a margem operacional da companhia.
A estimativa de analistas do mercado financeiro é de que a operação aconteça no quarto trimestre de 2013. Outra opção são os primeiros três meses do próximo ano. A data correta dependerá das condições do mercado no momento em que o trabalho de avaliação ficar pronto.A família Klein indicou o Bradesco BBI para coordenar a oferta. O GPA deve escolher o Credit Suisse. Mais dois bancos de cada uma das partes devem participar. Goldman Sachs e BTG Pactual devem ser indicados pelo lado dos Klein. O Santander e o JP Morgan são candidatos a auxiliar o Pão de Açúcar. É muito provável que o grupo varejista controlado pelo Casino subscreva o seu lote. Com isso, evitaria a sua diluição na Viavarejo, mantendo intacto o seu controle sobre os rumos da companhia.