Pressionada pela intensificação da concorrência em sua área, a rede varejista Magazine Luiza vai tentar, pela segunda vez, abrir seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo (a primeira, em 2008, não foi adiante em razão da crise financeira global). 

Na segunda-feira 28, a companhia, baseada em Franca, no interior paulista, ingressou com um pedido de oferta inicial de ações (IPO, da sigla em inglês) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 

 

Com um faturamento de R$ 5,7 bilhões – receita inferior aos R$ 10 bilhões da líder Globex (Casas Bahia e Ponto Frio), controlada pelo grupo Pão de Açúcar, e igual à da segunda colocada, a Máquina de Vendas, e lucro líquido de R$ 68,8 milhões –, a companhia pode captar R$ 2 bilhões, de acordo com estimativas de mercado. 

 

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Loja de varejo: expectativa de mercado é de que rede varejista levante pelo menos R$ 2 bilhões com o IPO

 

O dinheiro, de acordo com o prospecto, deve ser usado para financiar o crescimento orgânico e realizar novas aquisições. Em julho do ano passado, a rede adquiriu a Lojas Maia, de Patos, no interior da Paraíba, com 136 lojas nos nove Estados do Nordeste, por R$ 290 milhões.

 

A abertura de capital do Magazine Luíza deve ser a primeira de uma nova onda de IPOs do varejo brasileiro. A Máquina de Vendas, criada da fusão entre as redes Ricardo Eletro e Insinuante em 2010, também tem planos de ir à bolsa. 

 

“Queremos estar prontos ainda neste ano para que, assim que se abrir uma janela, possamos fazer um IPO”, disse à DINHEIRO Luiz Carlos Batista, presidente do conselho da Máquina de Vendas. 

 

“Mas isso também depende do mercado.” O grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista do Brasil, com faturamento de R$ 36 bilhões, tem planos, ainda que preliminares, de fazer o IPO de sua divisão de vendas pela internet, que compreende os sites do Extra, Casas Bahia e Ponto Frio. 

 

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Essas empresas têm em comum o desejo de aproveitar o bom momento do varejo no País para captar recursos. No ano passado, o setor cresceu 10,1% em volume de vendas, melhor resultado desde que a série foi iniciada em 2001, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

 

“Considero a abertura de capital como o único caminho para varejistas de grande porte”, afirma Ricardo Pastore, coordenador do núcleo de varejo da ESPM. “Nesse mercado de margens apertadas, é preciso muito investimento para expandir, não apenas nos meios físicos, mas também online.”

 

Com duas empresas diretamente concorrentes na fila, é de se esperar que o desempenho das ações do Magazine Luiza,  que devem ser lançadas ainda no primeiro semestre, tenha efeito sobre os IPOs de outras companhias. 

 

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“Como são empresas do mesmo setor com emissões próximas, o investidor olha para a primeira empresa e vê o que está acontecendo”, diz Lucas Copelli, da consultoria Vallua. “Só então decide se investe ou não na segunda.” 

 

Além de ter recursos para ampliar investimento, como os destinados à expansão de suas redes, o IPO deve dar cacife às empresas para oferecer crédito direto aos consumidores, especialmente no segmento de produtos eletrônicos, no qual grande parte das vendas é feita a prazo. “Isso pode diferenciar uma empresa da outra”, diz George Homer, da consultoria especializada GH&Associados. 

 

O Magazine Luiza já possui sua própria financeira em sociedade com o Itaú Unibanco, a Luizacred. No ano passado, a empresa  financiou metade das vendas da rede, constituída por 604 lojas espalhadas pelo País. 

 

A Máquina de Vendas, por seu turno, deve estrear sua financeira dentro de 60 dias. A companhia criou  uma nova empresa em parceria com a financeira Losango, pertencente ao banco HSBC. “Dar crédito é fundamental para suportar o crescimento”, afirma Batista. A nova empresa, ainda sem nome, vai oferecer cartões de créditos, crédito direto ao consumidor e empréstimo pessoal.