O maranhense radicado em Curitiba Daniel Scandian, 34 anos, está acostumado a pisar fundo no acelerador. Começou uma carreira como piloto de automobilismo aos 12 anos. Esteve na pista por dez anos, chegando a vencer o título sul-americano da Fórmula 3 Light, em 2001. Dois anos depois, em 2003, Scandian resolveu pendurar o capacete para assumir a função de diretor-industrial da Novo Piso, fabricante de pisos de madeira da família, cujos negócios vinham rateando. A companhia, no entanto, não sobreviveu aos problemas financeiros e faliu em 2011.

Dois anos antes da bancarrota, Scandian e seu irmão, Marcelo, resolveram que era hora de criar um empreendimento próprio: a MadeiraMadeira, site de comércio eletrônico de materiais de construção e móveis. A empresa surgiu com um investimento de R$ 300 mil, recebido pela venda de um apartamento no centro de Curitiba. “Não havia recursos para adquirir e gerir um estoque, então resolvemos trabalhar em contato direto com os fornecedores”, diz Scandian. Ele estava entrando num modelo de comércio eletrônico conhecido como “drop shipping”, uma espécie de meio-termo entre o modelo tradicional da Amazon, com estoque, e os marketplaces, como o chinês Alibaba, que servem de vitrine para outras empresas.

Ao receber um pedido, a MadeiraMadeira encomenda dos fornecedores e cuida da remessa para o cliente. Atualmente, 270 fornecedores com 130 mil itens estão catalogados no site. O trabalho chamou a atenção de dois fundadores dos mais conhecidos e-commerces de drop shipping dos EUA. Christian Friedland, da Build.com, e Niraj Shah, da Wayfair.com, trabalham no mesmo segmento da MadeiraMadeira e fizeram um aporte inicial, de valor não revelado. “Ainda há poucos consumidores comprando material para casa na internet, o que deve mudar em breve”, disse à DINHEIRO Friedland. “Essa tendência aconteceu nos EUA, o que me faz apostar no crescimento da companhia.”

As vendas de material de construção no País cresceram 4,4% em 2013, atingindo um faturamento de R$ 57,42 bilhões, segundo a Anamaco, associação que representa os comerciantes do setor. De acordo com estimativas de mercado, a MadeiraMadeira deve faturar cerca de R$ 100 milhões em 2014, três vezes mais que em 2013. Em 2012, a empresa recebeu o aporte de três fundos – o Monashees Capital, Kaszek Ventures e Flybridge Capital. O total do investimento recebido não foi divulgado. Esse dinheiro deve ser fundamental para que a empresa consiga atingir a meta de faturar R$ 1 bilhão em 2017.