06/07/2011 - 21:00
Para alçar qualquer empresa à posição de liderança é preciso montar um time de profissionais qualificados, fazer o trabalho de desenvolvimento do produto ou serviço que se pretende vender e investir na imagem da empresa e do que ela oferece. A comparação pode parecer exagerada, mas é exatamente esse o trabalho que a Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) vem fazendo para que o esporte atinja um bom nível de profissionalização e conquiste cada vez mais adeptos no País.
Apoio: o País tem poucos times de rúgbi, como o Unibrasil (na foto, em amarelo).
Mas, ao se transformar em esporte olímpico, isso tende a mudar
Assim como um produto ou serviço é submetido à avaliação dos consumidores quando chega ao mercado, a estratégia da CBRu será colocada à prova a partir de 13 de outubro. A data marca o início dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, cidade da costa leste do México. A competição será um teste. A grande ambição da entidade, na verdade, é fazer bonito na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, quando o rúgbi volta ao circuito olímpico após uma ausência de 92 anos.
Dentro de campo, os resultados já começam a aparecer. A seleção masculina é a atual terceira colocada do ranking sul-americano. Em primeiro aparece a Argentina, seguida pelo Chile. Com esse resultado, o Brasil garantiu uma vaga nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Outro destaque do torneio, realizado em fevereiro, foi a vitória do Brasil sobre os argentinos pelo placar de 5 a 0. Mas é fora dos gramados que estão ocorrendo as principais vitórias do rúgbi brasileiro. Corporações do porte de Alpargatas, Bradesco, Heineken e Cultura Inglesa já associaram seus nomes à entidade. Com esses patrocínios e mais a verba de apoio do Comitê Olímpico Brasileiro, a CBRu projeta fechar o ano com R$ 3 milhões em caixa. No ano passado, a Confederação só tinha R$ 1 milhão.
A marca de artigos esportivos Topper, da Alpargatas, foi a primeira a apostar no rúgbi brasileiro, em 2009. Ela já tinha tradição de apoio à modalidade na Argentina. “Queremos fazer parte do crescimento desse esporte no Brasil”, afirma Germán Pipet, gerente-geral da Topper, no Brasil. Para Duda Magalhães, diretor da Dream Factory Sport, agência de marketing esportivo que atende à CBRu, o investimento no rúgbi pode ser comparado a uma aposta na bolsa de valores. “É como se essas empresas estivessem comprando ações em baixa e com muito potencial para vendê-las em alta daqui a alguns anos”, afirma Magalhães.
Esse tipo de raciocínio também levou o Bradesco a apoiar a modalidade. Apesar de seu contrato ser anual, de acordo com Jorge Nasser, diretor de marketing do banco, o patrocínio à CBRu deverá ser estendido até 2016. “Queremos ajudar o rúgbi a criar um legado no País”, afirma Nasser. No Brasil, o esporte ainda engatinha. Não exatamente por falta de empenho. A primeira bola de rúgbi chegou ao País na mesma mala em que o paulistano Charles Miller (1874-1953) trouxe a de futebol, ao voltar de uma viagem à Inglaterra, em 1894. Desde então, o rúgbi, embora praticado por uma minoria, sempre esteve ativo no Brasil.