Orgulho da gestão do ex-presidente Lula, o consumo das famílias está definhando desde o fim de 2014. No terceiro trimestre deste ano, a queda foi de 1,5%, após recuo de 2,4% e 2% nos dois trimestres anteriores, respectivamente. O diagnóstico é claro: altamente endividados e com medo de perder o emprego, os consumidores não se arriscam a dar um passo maior que a perna. O efeito imediato pode ser visto na retração do comércio e do setor de serviços, que até recentemente estavam blindados contra a crise. Mas, a inflação na casa dos 10% corroeu a renda dos trabalhadores, que se estagnou. Diante desta quadro, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) prevê uma queda de 8% no setor, em 2015.

Se confirmada, superará o tombo de 6,2% em 1990, na era Collor. “Para que 2015 não seja o pior ano do comércio na história das contas nacionais calculadas desde 1948, o PIB do setor teria que cair apenas 2% nos três últimos meses do ano”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC. Com os principais setores em queda, incluindo a indústria e o agronegócio, o Produto Interno Bruto (PIB) do País encolheu 1,7% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. É o quinto resultado pífio consecutivo, segundo o IBGE. O resultado foi pior que o esperado pelos principais consultorias econômicas, o que levou os analistas a revisarem suas projeções.

Para o PIB de 2015, a 4E Consultoria prevê uma queda de de 3,8% (a previsão anterior era de 3%). No ano que vem, a retração deve ser de 3% (a projeção anterior era de 2%). “Os impactos da operação Lava Jato, a manutenção da paralisia política que tem impedido a realização de um ajuste fiscal crível e a manutenção dos baixos níveis de confiança dos agentes devem provocar novas quedas na margem nos primeiros dois trimestres, com pequena recuperação no segundo semestre”, diz Juan Jensen, sócio da 4E. “Assim, 2016 caminha para mais um ano de contração acentuada do produto.”

Há pelo menos outros dois indicadores da economia brasileira que preocupam os analistas. As sucessivas quedas nos investimentos e a inflação que permanece na casa dos 10%. Em relação ao primeiro caso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, em nota, que “contribuíram, entre outros fatores, os efeitos diretos e indiretos da redução dos investimentos da Petrobras e situações específicas de alguns de seus fornecedores, notadamente na área da construção civil”. Sobre a inflação, o recado do Banco Central foi desanimador, ao sinalizar a possibilidade de aumento de juros em 2016. Tal decisão certamente derrubará os investimentos e, por tabela, o PIB.