12/09/2014 - 20:00
Com poucos clientes e enfrentando uma pesada pressão sobre seus próprios custos, a maioria das empresas globais do setor Aeroespacial e de Defesa (A&D) está experimentando uma significativa incerteza ao longo deste ano. E, conforme os orçamentos de gastos com A&D sofrem ainda maior pressão para redução, muitas companhias estão buscando oportunidades de crescimento de receitas através de duas principais alternativas: pelo estabelecimento de uma presença forte em novos mercados, ou pela adaptação das suas linhas de produtos e serviços atuais para setores industriais correlatos.
O Sipri (Stockholm International Peace Research Institute), um instituto independente internacional, divulgou em janeiro deste ano a lista das 100 maiores empresas do setor de Defesa (produção de armamentos) no mundo, no qual a Embraer ficou classificada em 66º lugar. O estudo se baseia em dados de 2012, comparativos com 2011, e considera como referência a venda de armamentos. Dentre outras conclusões, o levantamento aponta que as dez maiores companhias do setor representam perto de 50% do mercado, e, se considerarmos o valor total das vendas de armamentos divulgados, houve uma queda de 5,8% (caindo de US$ 218,3 milhões em 2011 para US$ 205,5 milhões em 2012).
Essa redução já reflete o início da pressão no setor para a redução nos gastos com armamentos e antecipa a significativa incerteza observada neste ano. O que vimos é que as organizações desse segmento estão buscando melhorias para enfrentar os desafios gerados por um cenário de incertezas, tema esse que é citado na pesquisa “Panorama Global do Setor Aeroespacial e de Defesa 2014”, feita pela KPMG e que apresenta as três principais tendências que devem nortear os próximos passos das companhias de A&D:
• Priorizando a rentabilidade – Como as organizações do setor se encontram sob uma pressão cada vez maior de crescimento de faturamento e lucro líquido, muitas delas estão focando na melhoria da visibilidade de sua rentabilidade e de seus custos. Contudo, quase metade admitiu ser “pouco efetiva” na determinação da rentabilidade e somente 12% se classificaram como “muito efetivas”.
• Formando parcerias para alcançar a inovação – Diante desse cenário, muitas organizações mostraram que estão formando novas parcerias e investindo uma parte maior de suas receitas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), com o intuito de promover o aumento do lucro e incrementar a inovação. As expectativas de investimento são altas, pois três quartos das organizações do setor A&D que participaram do estudo dizem que gastariam de 2% a 3% de suas receitas com P&D ao longo dos próximos dois anos e 16% dizem que gastariam de 4% a 5%.
• Levando a cadeia de suprimentos ao nível global – Em busca de novas oportunidades de crescimento, muitas organizações do setor estão agora focando na entrada em novos mercados e usufruindo das vantagens decorrentes de situações propícias para alavancar seus serviços e produtos existentes em mercados adjacentes.
Desafios à parte, são boas as perspectivas para o setor, tanto para a aviação comercial e executiva quanto para produtos e serviços de defesa (armamentos) para os próximos anos, inclusive aqui no Brasil. Considerando tal crescimento do segmento, o País continua a ser um mercado no qual vale a pena os investidores globais da indústria aeroespacial e de defesa participarem.