Ser mulheres ocupando cargos de alta liderança em grandes empresas é algo um pouco mais habitual na atualidade, mas ainda distante de uma situação de equilíbrio. A carioca Claudia Muchaluat assumiu recentemente a liderança local da maior produtora de semicondutores no mundo, a Intel, como nova diretora-geral no Brasil. A executiva já havia ocupado o posto de primeira Chief Digital Officer da IBM América Latina, liderando a transformação digital da empresa, e terminado a carreira de 28 anos na gigante de infraestrutura e software em setembro, quando aceitou o novo desafio na Intel.

Em 2022, fortaleceu sua presença no cenário empreendedor brasileiro como mentora de negócios na Endeavor. Nesse papel, se dedicou especialmente à orientação de pequenos e médios empreendedores e ao trabalho de fomentar a importância da mulher no empreendedorismo brasileiro, via o capítulo nacional do Woman in Tech. Ações que renderam a Claudia a eleição de Empreendedora de 2022 DINHEIRO em Tecnologia.

Ainda na IBM, a executiva começou a estudar física quântica para participar e ajudar na revolução de computação quântica que a empresa tem liderado no mundo, tendo lançado este ano o sistema com mais qubits já registrados nessa área da ciência, o Osprey, com 433 qubits. Máquinas que ainda permanecem no campo experimental e acadêmico, mas que no futuro têm a promessa de resolver problemas que saem da alçada dos computadores convencionais. “Será com certeza uma das tecnologias disruptivas e exponenciais para as empresas no futuro”, disse à DINHEIRO Claudia. A IBM teve faturamento de US$ 14,1 bilhões no terceiro trimestre de 2022 e espera lançar seu próximo sistema de 1,121 qubits até 2024.

Além disso, a companhia tem contribuído para a democratização do conhecimento sobre Inteligência Artificial no Brasil com ações que fazem parte da exibição Ensinando Robôs no Museu Catavento, em São Paulo, que utiliza os recursos e ferramentas proprietárias implementadas por uma equipe da IBM Research Brasil.

Mas IBM agora é página virada na vida de Claudia. Agora o foco é a Intel. A companhia é outra gigante. No terceiro trimestre de 2022, as receitas somaram US$ 15,3 bilhões. Uma das iniciativas inclui dar continuidade no trabalho de disseminação da inteligência artificial que a executiva já realizava na IBM. O programa AI for Youth (inteligência artificial para jovens) busca desmistificar a IA e dar aos jovens os conjuntos de habilidades e mentalidades necessárias para trabalharem essas ferramentas através da criação de soluções de impacto social. “É importante colaborarmos com a disseminação dos ecossistemas que criamos de maneira inclusiva”, disse.

PODER FEMININO A inclusão, aliás, sempre foi uma das principais preocupações da diretora, principalmente com o papel das mulheres dentro do ecossistema da tecnologia e no empreendedorismo. A executiva faz parte do capítulo brasileiro do Women in Tech, projeto que atua nas verticais de educação, empreendedorismo, inclusão social e políticas públicas e tem a meta de incentivar 5 milhões de meninas e mulheres na tecnologia. Na iniciativa, a Intel apoia o Programaria, que empodera mulheres com habilidades em tecnologia e programação por meio de eventos, oficinas, cursos de formação técnica e outras soluções. Outra iniciativa que segue a linha é o Cloud Girls, que difunde o conhecimento de tecnologia para o público feminino. “Essas iniciativas nos ajudam a diminuir esse gap no setor de tecnologia”, afirmou.

Claudia também ajuda há quase seis anos fintechs, healthtechs, startups de indústria 4.0 e govtechs a crescerem e a estruturarem seus negócios através da Endeavor, uma rede formada por empreendedores. “Buscamos por meio das nossas ações potencializar o impacto que a gente gera nas ideias desses empreendedores”, disse.