Desde que desembarcou no Brasil em 2008, com a sua divisão de equipamentos médicos de uso doméstico, a multinacional japonesa Omron buscava uma forma de crescer. De lá para cá, foram estudados inúmeros investimentos nesse segmento, incluindo a construção de uma fábrica no País. No entanto, em vez de iniciar a produção do zero, o caminho encontrado pela Omron foi a aquisição de uma empresa já em operação. No início de setembro, a Omron fechou a compra da fabricante brasileira de inaladores NS, por R$ 200 milhões, seu maior investimento fora do Japão.

“Essa é a nossa primeira fábrica fora da Ásia e será de grande importância nos nossos negócios”, afirma Isao Ogino, vice-presidente global da Omron Healthcare. Até agora, a divisão de saúde faturava no País apenas US$ 20 milhões, pouco mais de 2,5% da receita total de US$ 853 milhões da divisão, no ano fiscal encerrado em março. Além da área de saúde, a Omron, com sede em Kyoto, dona de um faturamento mundial de US$ 7,2 bilhões, atua no Brasil na fabricação de equipamento de automação industrial e de autopeças. Segundo Ogino, a aquisição da paulista NS irá ajudar a companhia a dobrar o número de pontos de venda no Brasil, como farmácias e lojas de equipamentos médicos, e a multiplicar suas receitas.

Enquanto os produtos da Omron estão presentes em 20 mil revendas em todo o País, a NS marca presença no dobro de varejistas. Com essa rede ampliada, a companhia espera que seu market share em inaladores passe dos atuais 48% para os 55% em três anos e o faturamento atinja a casa dos R$ 220 milhões por ano no País. O crescimento desse mercado está ancorado no aumento da renda do brasileiro, que está consumindo mais serviços e produtos ligados à saúde, assim como na alta incidência de doenças respiratórias e de hipertensão, na população brasileira – de acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 23% dos brasileiros sofrem de pressão alta.

“Quando chegamos ao Brasil, o mercado de medidores de pressão era de 700 mil unidades vendidas por ano”, afirma Wanderley Cunha, diretor das operações da subsidiária local da Omron. “Em seis anos, o mercado mais que triplicou.” A Omron garante que a marca NS continuará no mercado. A ideia é de que a fábrica também passe a produzir inaladores com a marca Omron e os medidores de pressão. “Há interesse em trazer outros produtos”, diz Seiji Takeda, diretor-geral de vendas. “Estamos estudando vender aparelhos elétricos de massagem.”