No bairro de Ironbound, na cidade de Newark, região metropolitana de Nova York, a língua portuguesa é predominante. Ali, desde meados dos anos 1950, brasileiros e portugueses invadem a região, conhecida por ser o terceiro maior centro de seguradoras dos Estados Unidos. Foi nesse período que o casal Rosa e Orlando Silva, ainda jovens, migrou de Santos, no litoral paulista, para estudar nos Estados Unidos. Dos três filhos, Rodney é o que está em evidência. Aos 44 anos, Rod Silva, como é conhecido, será um dos quase dois mil candidatos independentes a entrar na corrida presidencial e lutar por menos de 1% dos votos destinados aos “nanicos”. “Recebi um chamado e percebi que minha missão deveria ser maior”, diz ele à DINHEIRO.

Com o slogan “Faça a América Saudável de Novo”, Silva, em parceria com seu irmão mais velho, o médico Richard Silva, fundou o Nutrition Party (Partido da Nutrição, numa tradução livre). Enquanto a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, incendeiam suas campanhas com propostas de políticas migratórias, de medidas contra o terrorismo e de como manter a economia e o emprego aquecidos, a briga de Silva será exclusivamente contra a balança. Sua ideia passa longe dos principais temas em discussão nos EUA. Para “vencer” a corrida presidencial à Casa Branca, Silva aposta em convencer uma população obesa de que o próximo presidente precisa ter, pensar e divulgar uma vida fitness. “Nasci nos EUA e, aos 15 anos, passei a fazer exercício físico. Quando ia comer, porém, não encontrava nada saudável”, diz ele. “Estou concentrado em conquistar a Casa Branca e em transmitir minha mensagem.”

Rod Silva não é um completo desconhecido nos Estados Unidos. Aos 22 anos, ele investiu cerca de US$ 6 mil para fundar a rede “saudável” de restaurantes Muscle Maker Grill. A intenção era unir os sabores da culinária americana com ingredientes mais saudáveis. No cardápio de sua rede, não é difícil de encontrar, por exemplo, o queridinho americano bacon – mas feito de peito de peru. A iniciativa deu certo. Presente em 15 estados do país, a rede conta com previsão de expansão para mais 35 lojas, nos próximos cinco anos. O faturamento não é revelado, mas ele vendeu uma participação majoritária, em janeiro de 2015, para a American Restaurants Holdings, uma rede californiana, por US$ 6 milhões. O próximo passo de Silva e seus sócios é levar o Muscle Maker Grill para Índia, Canadá, Brasil e Europa. “A queda no setor de comida saudável acontecerá, pois quando os americanos saem para comer, eles querem algo diferente do que produzem em casa”, diz David Kincheloe, presidente da americana National Restaurant Consultants. “Mas, nesse mercado, a rede de Silva é a mais conhecida.”

Ao se tornar sócio minoritário do Muscle Maker Grill, Silva tem mais tempo para viajar pelos EUA e levar sua proposta política, que ele define como um lema de vida. Sua candidatura já o fez desembolsar US$ 100 mil e custeiam as três semanas de viagem pelo país, todos os meses. “Quero atingir um maior número de pessoas sobre os benefícios de uma vida saudável, porém, apenas o restaurante não seria o suficiente.” Mas suas pretensões na política são tão confusas quanto seus sotaques. Por ter sido criado com os pais falando português, ele se atrapalhava com o inglês na escola. “Hoje, meu português, inglês e espanhol são enrolados”, diz.

Sua única certeza é que entre o caricato Trump e a duvidosa Hillary, os americanos deveriam apostar na política light planejada por ele.