13/04/2011 - 21:00
Uma hora antes do jogo do Kings, time de hóquei no gelo de Los Angeles, Tim Leiweke, presidente da empresa americana de esporte e entretenimento Anschutz Entertainment Group (AEG), senta-se à mesa e sentencia: “Vocês vão ver muita briga hoje.” Leiweke sabe o que diz. Como poucos esportes coletivos no mundo, o hóquei legitimou a troca de socos. Os jogadores retiram as luvas e se atracam, levando o público ao delírio.
Depois são colocados para fora pelo juiz e esperam dois minutos até voltar à quadra. Naquela noite, bastaram 60 segundos para que os jogadores dos Kings e dos Ducks se desentendessem. O estádio, lotado com 20 mil torcedores, veio abaixo. No intervalo, em sua sala VIP, ao lado da quadra, Leiweke degustava o vinho californiano Far Niente, de US$ 120, em um copo de plástico, e comia pipoca. “Há muitas oportunidades no Brasil”, disse ele à DINHEIRO.
Aos 53 anos, Leiweke é, atualmente, um dos empresários mais influentes e poderosos do mundo dos esportes e do entretenimento dos Estados Unidos. Desde 1999, ele é a face pública da AEG, empresa controlada pelo bilionário recluso Philip Anschutz, que tem negócios nas áreas de petróleo, transporte, telecomunicações, entretenimento, esporte e cinema.
Sobre a batuta de Leiweke, estão 50 divisões e mais de 24 mil empregados espalhados pelo mundo. A empresa, cujo faturamento é estimado em US$ 2,5 bilhões, controla e administra 120 estádios e arenas, como o Staple Center, principal palco para jogos de basquete e hóquei no gelo nos EUA, e a O2 (antigo Millennium Dome), em Londres, onde investiu US$ 600 milhões.
Vida ao vivo: no centro de Los Angeles, a AEG construiu um complexo de esportes e
entretenimento, com casas de show, teatros, restaurantes, cinemas e hotéis
Não são apenas arenas que estão nas mãos da AEG. A companhia comprou vários times, como o de hóquei no gelo Kings e o de futebol (soccer, para os americanos) Galaxy, que contratou o craque britânico David Beckham, em 2007, por US$ 32,5 milhões, em um contrato de cinco anos. Além disso, ela detém uma participação de 30% no Lakers, time de basquete profissional em que jogou o lendário Earvin “Magic” Johnson, considerado um dos principais atletas da história da NBA, associação que organiza o campeonato americano.
Mais recentemente, Leiweke fez uma investida na China, onde a AEG construiu duas arenas: uma em Pequim e outra em Xangai. Agora, o executivo está de olho no Brasil. A companhia americana foi contratada pela Odebrecht para dar consultoria na construção da Arena Pernambuco, na região metropolitana do Recife, que vai sediar jogos da Copa do Mundo do Brasil em 2014. “Queremos levar ao Brasil algo semelhante ao que fizemos em Los Angeles”, diz Leiweke. Na capital do cinema americano, Leiweke foi responsável por transformar o entorno do Staple Center em um complexo de esporte e entretenimento.
Estrela: a AEG levou o astro inglês Beckham aos gramados americanos
A próxima investida de Leiweke, que é filho de um jogador semiprofissional de futebol americano, é a construção de um estádio para abrigar partidas da NFL, liga que organiza o campeonato de futebol americano (o tradicional). A ideia é construí-lo onde hoje está localizado o centro de convenções de Los Angeles, considerado velho e ultrapassado.
Em troca, a AEG ergueria um novo centro de convenções, mais moderno, em outro local. Leiweke, no momento, trabalha para que a prefeitura da cidade aprove o projeto do estádio, que terá capacidade para 68 mil torcedores e custo estimado de US$ 1 bilhão. De qualquer forma, seus executivos já estão cuidando de sua viabilização financeira. A seguradora americana Farmers fechou um contrato, avaliado em US$ 700 milhões, para dar nome à nova arena. Com uma agenda que começa às 7 da manhã e vai até a meia-noite, Leiweke não para, e entre um gole de vinho e uma porção de pipoca, ele fecha os seus negócios.