No exclusivo mundo dos produtos de luxo, os mínimos detalhes costumam fazer toda a diferença. Tanto do ponto de vista da concepção e da fabricação, quanto da definição da estratégia para sua trajetória no mercado. Afinal, mais que vender, é preciso encantar os consumidores. Ao que parece, todos estes componentes foram levados em conta no processo de desenvolvimento do perfume Dahlia Divin, a mais nova criação da francesa Givenchy, apresentado aos brasileiros durante evento realizado na quinta-feira 12, em São Paulo.

Os cuidados podem ser vistos em todas as etapas, desde a concepção da fórmula assinada pelo renomado perfumista François Demachy, e na qual se destacam acentos florais amadeirados. Passando pela escolha da atriz e cantora americana Alicia Keys, que empresta sua beleza para a campanha de lançamento. Mais. Coube ao diretor criativo da maison Givenchy, Riccardo Tisci, desenhar o vestido usado durante a sessão de fotos na qual a estonteante Alicia está envolta em uma atmosfera de sedução. Exatamente como na icônica cena do filme Perfume de Mulher, na qual o cego interpretado por Al Pacino dança tango com a bela Gabrielle Anwar.

Tanto capricho se explica pelo fato de que Dahlia Divin possui uma função destacada na estratégia global do conglomerado francês de produtos de luxo. “Trata-se da principal aposta da Givenchy para este ano”, afirma Renato Rabbat, 45 anos, diretor de fragrâncias da LVMH no Brasil, responsável pelas marcas Givenchy, Kenzo e Fendi. Fazer com que a filial continue crescendo de forma vigorosa tem sido uma verdadeira obsessão para o executivo, que assumiu o posto em 2008. Graduado em administração, Rabbat tem uma longa carreira no mercado de luxo.

Já comandou grifes de relógios e de joias e conhece como poucos a cabeça dos consumidores locais, que valorizam o apelo e a força de marcas globais. “Se não abastecer os canais de vendas com novidades, eles vão comprar lá fora”, diz. E, segundo ele, isso vale especialmente para os perfumes de luxo, um segmento que movimentou US$ 300 milhões no Brasil no ano passado, de acordo com dados da consultoria Euromonitor. Por conta disso, o diretor da LVMH definiu com o comando da subsidiária, baseada em Miami, algumas diretrizes para garantir a evolução das vendas acima do patamar de dois dígitos. Mesmo em um momento no qual a economia dá sinais de enfraquecimento.

“Nossa ambição é crescer entre 10% e 15% neste ano, em relação a 2014”, diz Rabbat. A taxa é quase a metade dos 25% obtidos em 2014, ante o período anterior, mas suficiente, de acordo com o executivo, para saciar o apetite expansionista dos franceses. Para atingir esta meta, ficou acertado que a abrupta elevação do dólar não será repassada aos produtos, todos eles importados dos fornecedores globais da LVMH. Com isso, Rabbat espera defender a posição conquistada no Brasil, que figura entre os 10 maiores mercados da Givenchy, no mundo. E a aposta em lançamentos também se estenderá às demais linhas de produtos, como maquiagens da grife Givenchy e perfumes direcionados a um público mais jovem.

É o caso de Flower by Kenzo L’eau Originelle, que chega por aqui em maio e será comercializado exclusivamente nas filiais da loja de departamento Renner. Este privilégio leva em conta a força da rede gaúcha, responsável por 15% das vendas da divisão comandada por Rabbat no Brasil. “Não temos lojas próprias e por isso apostamos bastante em parcerias com varejistas”, afirma. O suporte à rede fica por conta de 80 funcionários, metade da equipe liderada pelo executivo. “A venda de perfume ainda acontece por impulso, por isso, promovemos cursos, degustações e criamos programas de incentivo para vendedores e gerentes.”