28/03/2013 - 21:00
Apesar de atuarem em setores diferentes, a construtora e incorporadora PDG, a empresa aérea Gol e a petroleira OGX têm algo em comum: um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão em seus balanços, recém-divulgados. As três foram as companhias privadas brasileiras que registraram as maiores perdas no ano passado. A PDG liderou esse ranking, com prejuízo de R$ 2,17 bilhões. Gol e OGX vêm logo na sequência, com perdas de R$ 1,5 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente. Pior do que isso, só o prejuízo da Eletrobras, divulgado na quinta-feira 28: R$ 6,8 bilhões. Para essas empresas, a frase correr atrás do prejuízo tornou-se um desafio equivalente ao de uma maratona.
Correndo atrás: Eike (esq.), Kakinoff e piani, da OGX, da Gol e da PDG,
respectivamente, prometem arrumar a casa em 2013 para sair do vermelho
Sem perder tempo, as empresas privadas já traçam seus planos para retomar o fôlego e sair do vermelho. Comandada pelo executivo Carlos Augusto Piani desde agosto, a PDG sofreu com custos adicionais de R$ 1,4 bilhão no ano passado. Uma das principais causas do mau momento foi o crescimento desenfreado da empresa, no passado recente, empreendido por meio de aquisições e expansão geográfica, o que a levou a um valor geral de vendas de R$ 9 bilhões em 2011. “Encontrei algumas coisas melhores e outras piores do que esperava”, afirmou Piani, em conferência com analistas. “Mas não previa algo dessa magnitude.” Para reverter o quadro, o executivo apresentou um plano de recuperação de dois anos, cujo ponto principal é readequar o tamanho da empresa à realidade do mercado.
Das 17 regiões em que atua, a PDG pretende permanecer em apenas dez. Até 2015, o valor de vendas deve cair para até R$ 6 bilhões. Com isso, Piani garante que não haverá mais surpresas nos próximos balanços. O mercado parece concordar com o executivo. Na quarta-feira 27, dia seguinte ao anúncio dos resultados, as ações da construtora tiveram a maior alta do pregão da Bovespa, de 5,39%. “A PDG deve entregar mais crescimento e uma geração de caixa robusta em 2013”, escreveu o analista Esteban Polidura, em relatório do Deutsche Bank. Tamanho também parece ser um problema para a Gol. Ao anunciar o prejuízo, na terça-feira 26, o presidente da companhia, Paulo Kakinoff, disse que reduzirá em 10% a oferta de assentos nos voos domésticos em 2013.
“Já tínhamos informado que essa projeção era flexível”, afirmou o executivo, em conferência com analistas. A Gol também planeja cortar os mimos aos passageiros. O serviço de bordo gratuito deve acabar. Os viajantes terão, se pedirem, apenas água à disposição. Controlar os gastos com precisão milimétrica é a maneira que Kakinoff encontrou para compensar o aumento de 18% no preço do combustível no ano passado, apontado por ele como principal motivo do prejuízo. Para Rodolfo Amstalden, analista da consultoria Empiricus/Investmania, o plano de Kakinoff é necessário, mas não deve surtir efeito imediato. “O preço do combustível vai continuar pressionando a empresa”, afirma Amstalden. Para a OGX, do empresário Eike Batista, o ano promete ser ainda mais difícil.
A empresa, que ainda está em fase praticamente pré-operacional, deve investir R$ 1,3 bilhão em 2013. O problema é que ela encerrou o ano com R$ 1,6 bilhão em caixa. “O caixa vai ficar praticamente ‘zerado’”, afirma Luiz Fernando Caetano, analista da corretora Planner, em relatório. “As preocupações aumentaram.” Para o analista, também não há notícia positiva em relação à produção de petróleo. No ano passado, foram extraídos cerca de três milhões de barris de óleo. A previsão inicial, feita antes do IPO, em 2008, era de produzir 14 milhões de barris em 2012. A OGX deve aumentar a produção de gás no Maranhão, para atender o complexo termelétrico do Parnaíba, da MPX, que teve uma fatia de 24,5% vendida para a alemã E.ON, por R$ 1,5 bilhão, na quinta-feira. Duas novas plataformas devem chegar. Na quarta-feira 27, dia seguinte ao anúncio, suas ações subiram 3,9%, cotadas a R$ 2,39.