O brasileiro tem pedalado cada vez mais. E no sentido literal do verbo. A cada dia, cerca de 25 milhões de pessoas sobem em uma bicicleta. Seja para praticar uma atividade física, seja para ir para o trabalho ou simplesmente passear. O gosto pela “magrela” também vem tendo impacto no número de atletas profissionais dessa modalidade. De acordo com a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), o registro de participantes nas quatro diferentes categorias do esporte aumentou 62% nos últimos três anos. Entre 2008 e 2011, a entidade aumentou de 5,4 mil para 8,8 mil o número de inscritos em cadastro. “A promoção de etapas de campeonatos internacionais, no País, tem atraído  muita gente para o esporte”, diz Wesley Kestrel, diretor da CBC. 

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Essas provas funcionam como um estímulo importante porque, por meio delas, os atletas que têm bom desempenho acumulam pontos no ranking mundial da categoria, o que garante a participação em competições oficiais. Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011, que acontece em outubro, no México,  três  brasileiros já carimbaram o passaporte. São eles: Rubens Donizete, o atual campeão nacional, Edivando Souza e Erika Gramiscelli. Eles estão inscritos nas provas da categoria mountain bike (circuito de montanha). Em função da projeção do ciclismo no cenário brasileiro e global, o esporte começa, também, a despertar mais a atenção do mundo corporativo. Empresários como João Paulo Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, e Roberto Klabin, da Klabin, integram o grupo de 11 aficionados que criou, em 2010, o LiveWright, nome dado em homenagem ao investidor Roger Wright, que morreu num acidente aéreo na Bahia, em 2009. 

 

Trata-se de uma entidade destinada a levantar recursos para apoiar esportes que não estão no radar dos patrocinadores tradicionais. Além do ciclismo, o grupo vai apoiar neste ano a formação de atletas de modalidades de luta, ginástica artística feminina e tênis, de olho também na Olimpíada de 2016, marcada para  o Rio de Janeiro. Para isso, o LiveWrigh, cujo projeto foi desenhado pela consultoria americana McKinsey, tem em caixa uma verba de R$ 14 milhões. “O ciclismo ainda não tem tradição no Brasil, mas está ganhando muito destaque”, disse à DINHEIRO, João Paulo Diniz. “Estamos em fase de elaboração de projetos que serão apresentados a empresas com o objetivo de captar recursos”. De acordo com o empresário, que também é um praticante de ciclismo, a ideia é investir nas modalidades de pista e estrada. 

 

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Brasil no Pan 2011: Rubens Donizete (foto), atual campeão brasileiro, vai brigar por medalha na categoria circuito de montanha

 

Para se ter uma ideia do potencial de visibilidade desse esporte, durante a Olimpíada o ciclismo costuma render 42 medalhas aos atletas, em diferentes categorias. Para que a premiação gere exposição para os patrocinadores, é preciso que os campeonatos contem com a cobertura das redes de tevê. Atualmente, seis eventos são transmitidos ao vivo pela Rede Globo, entre eles a Copa América de Ciclismo e a Copa América de Bicicross. A CBC também está negociando outros projetos com a emissora. Os fabricantes de bicicletas, que faturam R$ 600 milhões por ano no País, também estão mudando suas estratégias de marketing. A paulistana Caloi, líder do setor com uma fatia de 35% do mercado, vai patrocinar, em agosto, uma série de circuitos de corridas de rua nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Com ações desse tipo, a companhia espera alcançar a meta de vender um milhão de “magrelas” em 2011, montante 25% maior que o registrado no ano passado. 

 

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