11/04/2014 - 21:00
Poucas coisas na vida soam tão exclusivas como ser dono de uma ilha paradisíaca. Obviamente, não estamos falando de um lugar à la Robinson Crusoé, com mosquitos, falta de água potável, campings, banhos gelados e escassez de energia elétrica. Pelo contrário. Tais propriedades oferecem conforto e requinte de sobra e, ainda de quebra, permitem-lhe usufruir da máxima privacidade, cercado pela areia branca e água cristalina. Vizinhos barulhentos ou intrometidos? Esse problema passa longe. “Discrição é prioridade para milionários e celebridades”, afirma Farhad Vladi, CEO da alemã Vladi Private Islands, companhia especializada em comercialização de ilhas pelos quatro cantos do mundo.
Preocupação zero: para quem quiser fazer um test drive, a Cousine Island, nas Seychelles,
pode ser alugada por quanto tempo o cliente quiser
“Lembro de uma vez que um advogado me procurou para obter mais informações sobre férias na ilha Frégate, nas Seychelles, e depois descobri que era para ninguém menos do que Bill Gates.” Assim como o fundador da Microsoft, magotes de endinheirados de todos os cantos do mundo se interessam em passar temporadas nesses recantos de alto padrão no meio do mar. É o caso do ator hollywoodiano Johnny Depp, que descobriu a Little Hall’s Pond Cay, nas Bahamas, durante as gravações da franquia Piratas do Caribe. “Ir para lá é o meu jeito de tentar voltar à normalidade”, disse o astro sobre o terreno à revista americana Vanity Fair, em 2009, cinco anos depois de comprá-lo por US$ 3,6 milhões.
Tesouro escondido: com piscina de borda infinita, spa e adega, a Buck Island,
no Caribe, é uma das ilhas de luxo que estão à venda
Mel Gibson, companheiro de profissão de Depp, preferiu comprar um pedaço do paraíso um pouco mais perto da Austrália, onde passou parte da infância e da juventude. A Mago Island, em Fiji, teve um preço ainda mais salgado: US$ 15 milhões. Outros famosos que integram a lista são o ilusionista David Copperfield, os atores Eddie Murphy e Leonardo DiCaprio e até mesmo o ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher, que ganhou uma ilha de presente de aposentadoria do xeique Mohammed bin Raschid Al Maktoum, príncipe de Dubai. O frenesi provocado pelo sonho de ter uma ilha é tamanho que nos Estados Unidos, mercado com maior número de interessados, existe até um programa de tevê sobre o assunto.
Intitulado Island hunters (caçadores de ilhas, em inglês), o seriado produzido e estrelado por Chris Kolow, CEO da canadense Private Islands Inc., mostra as ilhas disponíveis no mercado para os telespectadores americanos. Hoje, a empresa mantém em seu portfólio mais de 400 ilhas à venda, nem todas, é claro, de luxo. Em uma pesquisa online, é possível achar propriedades como a Douglas Island, no Canadá, por US$ 82 mil, quase o preço de um carro intermediário da Mercedes-Benz. “Os preços das ilhas variam conforme a localização e a estrutura do terreno”, afirma Kolow.
No Brasil: para os endinheirados brasileiros que não querem gastar horas
em aviões, a Maná Island fica em Angra dos Reis
“Destinos como Bahamas, Seychelles e Maldivas acabam sendo mais caros e são os preferidos dos astros de Hollywood.” O nível de desenvolvimento da ilha almejada também é um fator que diferencia as propriedades que se encaixam no quesito “luxo”. Algumas, como a Buck Island, no Caribe, disponível no portfólio da Private Islands Inc., já estão prontas para comercialização. Isso inclui sistema de água, esgoto e luz elétrica, além de uma residência que abriga até 20 pessoas com o conforto de qualquer mansão de Malibu. Há também adega, livraria, galeria e até um espaço de bem-estar, com sala de ginástica e spa. A diferença é que a piscina de borda infinita não dá para o Oceano Pacífico, mas sim para o cultuado mar caribenho.
O valor: US$ 30 milhões. Claro que outras propriedades podem sair mais em conta, como a Joe’s Cay, nas Bahamas. O problema é que a ilha em questão é vendida sem nenhuma estrutura e a construção de residências e outros atrativos de lazer custa de 30% a 50% a mais do que no continente. Na hora de comprar uma ilha, deve-se levar em consideração o deslocamento dos anfitriões e seus convidados. Afinal, de nada adianta ser dono de um pedacinho do paraíso na Tailândia, no Sudeste Asiático, se você não está disposto a enfrentar mais de 20 horas em um avião com escalas, mesmo que em assento na primeira classe, para chegar até o destino, não é mesmo?
Recanto estrelado: a Mago Island, em Fiji, foi a escolha do ator Mel Gibson
para conquistar a privacidade bem longe dos holofotes de Hollywood
Para quem não quer se submeter a esse tipo de incômodo, a Maná Island, em Angra dos Reis, é uma opção mais perto para os milionários brasileiros entre as propriedades à venda na Vladi Private Islands. A 20 minutos do Rio de Janeiro de helicóptero, a ilha custa US$ 4,2 milhões e já vem com uma residência principal de 120 m², além de quatro suítes separadas e deque para embarcações – caso o proprietário prefira ir até lá a bordo de seu iate, é claro. Para quem, embora tenha dinheiro suficiente, não pode desfrutar dos prazeres proporcionados pela ilha por muito mais do que algumas poucas semanas, existe também a opção de locação.
Segundo Vladi, essa alternativa está cada vez mais em alta. A Cousine Island, nas Seychelles, por exemplo, conta com quatro villas com tudo o que um hotel de luxo comum pode oferecer, inclusive jacuzzis. Com capacidade para oito pessoas ou quatro casais, a diária da propriedade é de US$ 6,1 mil. Se ainda assim não for o suficiente, procure algumas das 248 ilhas que compõem o portfólio da empresa alemã. Vale a pena, garante Vladi. “Não há nada como a sensação de tranquilidade e controle de ter uma ilha só para você”, afirma.