26/12/2014 - 19:30
A prática do “cave diving”, ou mergulho subaquático em cavernas, requer uma série de combinações que exigem resistência física e técnica no uso dos equipamentos. A analogia entre a modalidade e a bolsa aplica-se perfeitamente a 2015, um ano em que não vai faltar adrenalina e os cenários serão incertos. Portanto, o investidor que quiser ir fundo na renda variável terá de desenvolver habilidades. Para ajudar esses mergulhadores, DINHEIRO ouviu analistas de dez corretoras que indicaram quatro ações de risco baixo, médio e alto. Confira os papéis mais recomendados em números de citações e seu desempenho no ano, até o dia 19 de dezembro.
BAIXO RISCO
BRF (BRFS3)
Setor: Alimentos
Desempenho no ano: 32,9%
Além de vender produtos alimentícios e, portanto, indispensáveis para a população, para os analistas a companhia possui os melhores ativos do setor. Também deve ser beneficiada pela queda dos preços das commodities prevista para o próximo ano. “Somada a isso, a alta esperada para o câmbio deve beneficiar as empresas do setor”, diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos. O choque de gestão e a reestruturação das operações, conduzidas durante a gestão de Abílio Diniz à frente do Conselho de Administração são pontos positivos adicionais.
VIVO (VIVT4)
Setor: Telecomunicações
Desempenho no ano: 11,3%
Mesmo presente no setor de telecomunicações, de capital intensivo e de elevada competitividade, a companhia conta com um nível de alavancagem baixo e uma margem operacional saudável. Isso tem permitido uma política de remuneração muito positiva aos acionistas, apesar do momento difícil para o mercado. “O setor de telecomunicações atravessa uma fase de mudanças profundas, principalmente olhando Oi, Portugal Telecom e Tim Brasil, mas a Vivo é uma empresa madura, atuando em uma boa região e excelente pagadora de dividendos”, diz o analista Pedro Galdi.
ULTRAPAR (UGPA3)
Setor: Petroquímico
Desempenho no ano: -7,0%
Dono das empresas Ipiranga, Oxiteno, Ultracargo, Ultragaz e Extrafarma, o grupo vem se destacando por resultados sólidos nos últimos meses. De acordo com Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, a empresa conta com elevado nível de maturidade em seus principais negócios e tem a seu favor a diversificação dos segmentos em que atua. “Mesmo estando ligada a um setor tão instável quanto o de combustíveis, ela possui um perfil menos volátil que suas concorrentes e, portanto, oferece melhores oportunidades aos investidores.”
ECORODOVIAS (ECOR3)
Setor: Infraestrutura
Desempenho no ano: -22%
Com o cenário político definido e um programa de leilões para novas concessões no próximo ano, a concessionária aparece como uma forte candidata a ampliar o número de ativos de infraestrutura que explora. Segundo Rogério Araujo, analista da gestora carioca Geração Futuro, a companhia está bem posicionada em seu setor, e sua rentabilidade justifica novos investimentos. “É também uma empresa com forte disciplina de capital em comparação com seus concorrentes.” No acumulado do ano, sua receita bruta é de R$ 2,39 bilhões, alta de 13,8% em relação ao mesmo período de 2013.
MÉDIO RISCO
ITAÚ UNIBANCO (ITUB4)
Setor: Financeiro
Desempenho no ano: 26%
Pertencente a um setor que foi muito bem na bolsa em 2014, o Itaú Unibanco é o preferido dos investidores. No terceiro trimestre, apresentou um crescimento de 35% em seu lucro para R$ 5,4 bilhões e conta com uma carteira de crédito que tem inadimplência baixa e vem proporcionando ganhos consideráveis. “O banco entregou resultados no terceiro trimestre acima das estimativas do consenso de mercado, com carteira de crédito ainda mostrando elevação considerável, queda na inadimplência e avanços expressivos no lucro”, diz Lenon Borges, analista da Ativa Corretora.
KROTON (KROT3)
Setor: Educação
Desempenho no ano: 70,6%
Ao longo de 2015, a empresa educacional deverá continuar integrando a Anhanguera, com a qual se fundiu em 2014, ampliando a sinergia e os ganhos. Para os analistas, a Kroton pertence a um setor com boas expectativas quanto à manutenção, por parte do governo, das políticas de incentivo ao ensino superior. “A Kroton tem um desempenho financeiro fora de série, com uma gestão extremamente competente. Já se mostrou muito eficiente em captar sinergias em aquisições, um importante vetor de crescimento do setor”, diz Ricardo Kim, analista da XP Investimentos.
ESTÁCIO (ESTC3)
Setor: Educação
Desempenho no ano: 23,7%
O Grupo Estácio mantém uma das mais relevantes redes educacionais do País, com 78 cursos de graduação, mestrado, doutorado e extensão, além de uma base de mais de 330 mil alunos. O grupo vive um momento favorável de ganhos de margem e melhora operacional, que pode ser observado nos resultados dos últimos trimestres. Recentemente, a Estácio adquiriu a UniSEB, marca muito forte em ensino a distância, principalmente no Estado de São Paulo. “Possui múltiplos atrativos diante do setor; crescimento forte do ensino a distancia e perspectiva de fortes resultados nos próximos trimestres”, diz Rafael Giovani, analista da UM Investimentos.
BB SEGURIDADE (BBSE3)
Setor: Seguros
Desempenho no ano: 32,4%
Com grande potencial de crescimento nas áreas de seguro de vida, previdência e títulos de capitalização, a empresa vem tendo um bom desempenho em bolsa desde que abriu seu capital, em abril de 2013. Segundo Aline Sun, analista da Guide Investimentos, os seguros no Brasil representam apenas 3% do Produto Interno Bruto, percentual considerado baixo. “Além disso, a companhia conta com sócios com vasta experiência como Icatu e Mapfre, e o próprio Banco do Brasil é muito importante para a BB Seguridade, devido à capilaridade das agências bancárias e ao fato de o banco ficar com a maior parte dos custos de distribuição.”
ALTO RISCO
KLABIN (KLBN4)
Setor: Papel e Celulose
Desempenho no ano: 15,9%
Durante o ano de 2014, a companhia focou seus esforços na captação de recursos para a construção do projeto Puma, uma fábrica localizada na cidade de Ortigueira, no Paraná, e que deve consumir R$ 6,8 bilhões de investimentos. Com prazo previsto para três anos, o projeto deve triplicar a produção de celulose, atualmente em 1,9 milhão de toneladas ao ano. De acordo com Renato Antunes, analista da Geração Futuro, além do projeto em andamento, a Klabin segue entregando melhoras em sua rentabilidade. “Outro ponto positivo é que o mercado dos principais produtos onde a empresa atua segue forte”, diz Antunes.
AMBEV (ABEV3)
Setor: Bebidas
Desempenho no ano: -3,5%
As altas temperaturas e a Copa do Mundo ajudaram a Ambev a obter um resultado positivo no terceiro trimestre. O lucro da cervejaria cresceu 22,6% para R$ 2,8 bilhões. Esse ritmo de bons resultados deve se manter nos próximos meses. Segundo Roberto Indech, analista da Rico Corretora, a empresa continua a apresentar liderança no mercado nacional de bebidas, consistência nos resultados operacionais e elevada geração de caixa. “Apenas um ponto deve ser levado em consideração pelos investidores: uma possível imposição de novos impostos por parte do governo federal, o que deve acontecer em 2015.”
COSAN (CSAN3)
Setor: Açúcar e Álcool
Desempenho no ano: -19,8%
Mesmo com uma queda de 92,6% no lucro do terceiro trimestre deste ano, para R$ 15,2 milhões, a empresa continua no radar dos analistas. A Cosan é considerada uma companhia com negócios diversificados e elevado potencial de investimentos. “Ela se destaca como uma companhia com perspectivas de crescimento, sem deixar de ter boa exposição a negócios com elevada geração de caixa e também atividades com certo nível de resiliência às oscilações da economia, como distribuição de gás e de combustíveis”, diz Karina Freitas, analista da corretora Concórdia.
HERING (HGTX3)
Setor: Varejo
Desempenho no ano: -28,7%
A Hering ficou conhecida por ter dificuldade em fazer suas coleções sazonais chegar no tempo certo à rede de revenda. No entanto, nos últimos meses, a companhia vem revertendo esse quadro. No terceiro trimestre de 2014, ela lucrou R$ 70,9 milhões, alta de 21,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo William Castro Alves, analista da XP Investimentos, a Hering possui uma rede de distribuição sólida que envolve lojas próprias e franquias, além de vendas online. “Além de seu ponto forte na distribuição, a empresa está bem posicionada no mercado com suas principais marcas, como Hering, Hering for you, Hering Kids, PUC e dzarm.”
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