No Brasil, quem precisa garantir que o filme vá atingir o seu público é a distribuidora paulistana Pandora Filmes. Expertise para isso ela tem. Fundada pelo gaúcho André Sturm, ela está no mercado desde 1989. Sturm é hoje um dos nomes mais importantes do circuito cultural de São Paulo. Ele é dono do cinema Caixa Belas Artes, que causou comoção ao ser fechado 2011, para ser reaberto, em 2014, após uma batalha que recebeu apoio da Prefeitura de São Paulo. Além disso, depois de uma passagem pela secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, ele foi apontado como diretor executivo do Museu da Imagem e do Som, que vivia às moscas, com exposições que não encontravam repercussão. Desde que assumiu o posto, o museu se tornou uma atração vibrante da cidade.

Concentrado no expediente no MIS, Sturm passou o comando da Pandora Filmes para a filha Barbara, de 26 anos. O dia da dia da distribuidora é administrado por ela, que faz todo o trabalho de garimpagem do que vai ser lançado. “Participo de festivais e procuro filmes interessantes”, diz a jovem executiva. “Mas sempre pego conselhos com meu pai.” É função das distribuidoras, dentro da complexa cadeia do cinema – que também envolve empresas produtoras, exibidoras e canais de tevê e internet –, encontrar, negociar, divulgar e lançar o filme. “Também administramos os riscos do lançamento”, afirma Barbara. As distribuidoras nacionais responderam, no ano passado, por filmes com renda acumulada de R$ 523 milhões, do total de R$ 1,97 bilhão registrado no mercado brasileiro.

No caso do filme da diretora Anna Muylaert, a Pandora entrou como co-produtora. O financiamento principal foi feito pela produtora Gullane, que precisava de recursos  adicionais para finalizar a obra. Também a África Filmes, empresa de Muylaert e que não tem nenhuma relação com a agência de propaganda comandada pelo publicitário Nizan Guanaes, e a Globo Filmes participaram da empreitada. “O filme é único”, diz Sturm. “O cinema brasileiro é feito quase que exclusivamente de comédias popularescas ou de filmes difíceis, de experimentação. Mas este combina apelo popular com uma abordagem mais sofisticada.”