21/03/2012 - 21:00
O grito de guerra de Oscar é quase impronunciável, um xingamento ao adversário, um sonoro “chupa” para cada cesta que acerta. Ele repete várias vezes a mesma expressão ainda hoje nas palestras que ministra País afora. Naturalmente, não para ofender. Na linguagem do cestinha mais celebrado do Brasil, um dos maiores do mundo em todos os tempos, o grito traduz um conjunto de princípios que se aplica tanto no jogo nervoso das quadras como no ambiente corporativo. Representa, no seu entender, a paixão pelo que faz, a determinação, a persistência, valores cada vez mais em alta no restrito clube de CEOs das grandes e pequenas organizações.
O cestinha Oscar dá o rumo: conceitos aprendidos na quadra são lançados
como paradigmas a serem usados no dia a dia do ambiente corporativo.
Empresários de vários quilates e diferentes ramos de atividade pagam os tubos e ficam inebriados com as mensagens ao mesmo tempo descontraídas e firmes do expositor Oscar – campeão também nessa categoria com uma média de mais de 500 palestras por ano –, que carrega a reboque o sobrenome alemão Schmidt e a disciplina germânica, herdados do pai. Oscar, durante as apresentações, conta que “no dia do dia” mais importante de sua vida – a vitória sobre os EUA em 87 na final do Pan-Americano de Indianápolis – o time estava mergulhado em um poço de desânimo e levava uma surra do adversário quando, no momento derradeiro, veio o estalo: poderiam ganhar.
Convencidos de que nada é impossível quando existe garra, partiram para cima e arrancaram a suada medalha de ouro, na base do inusitado grito de guerra “chupa”. Nesse corolário Oscar desenvolve suas lições para os que querem alcançar metas, cumprir tarefas, ser bem-sucedidos. Mostra uma foto sua quando era garoto desengonçado do interior e motiva a plateia: “Se esse cara aqui conseguiu, você consegue!” Gargalhadas se seguem. Sob o tema “Liderança e Trabalho em Equipe”, Oscar martela uma série de dicas. A primeira delas: não confundir sonho com visão. “Visão é o sonho trabalhado”, diz. Na cartilha do cestinha o capítulo obstinação é destaque e envolve, no seu entender, um misto de coragem, ousadia, confiança e “muito treino para acertar, seja qual for a área de atividade”.
Ao concluir, fala em superação: “Esteja bem preparado quando a chance aparecer e não hesite.” Executivos em geral são pouco dados a aceitar conselhos, mas palestrantes como Oscar quebram essa resistência com a simples narrativa de sua trajetória, cheia de reveses e avanços, que inspira pela consagração final. Oscar faz parte de uma safra de palestrantes que tem angariado muitos ouvintes ávidos por fórmulas que levem à qualidade de vida. Senhores da indústria, comércio e serviços – capazes de gerar gordos lucros no campo dos negócios – querem saídas criativas para melhor conciliar carreira executiva e dia a dia familiar. Na semana passada, durante a oitava edição do Family Workshop organizado por João Doria Jr., quase 150 desses empresários e seus familiares se reuniram com o mesmo intuito e lotaram o salão para ouvir palavras como a de Oscar.
Mágicas: palestrantes como Clóvis Tavares conquistam o público com recursos inusitados para passar suas ideias.
Sob o tema “Valores e Princípios na Família e na Carreira”, o programa incluiu debates sobre bullying na internet, liderança em casa, inovação, drogas e o uso de ferramentas tecnológicas para ganhar tempo com a família. Estão virando coqueluche no ambiente empresarial cartilhas diferenciadas de gestão de tempo e imersões em propostas novas como as mostradas no Family. O consultor Clóvis Tavares, que também se apresentou no encontro com o tema “Valor do Líder em Casa”, contribuiu com as suas. Assim como Oscar, Tavares é um exemplo de orador diferenciado que faz de tudo para galvanizar as atenções. Entra no personagem de um estudioso americano, realiza números de mágica, jogo de cartas e convoca a plateia a interagir.
Transforma regras básicas em show. Diz que ser líder em casa é tão ou mais complexo que no ambiente corporativo. No seu abecedário do bom empreendedor aponta conceitos ousados sobre a excelência no planejamento e na execução de tarefas, sobre valor agregado/valor percebido e ainda quanto ao papel da renovação na trajetória do executivo. “O líder não pode seguir no piloto automático”, afirma. E a indicação veio a calhar, ao menos para o público presente ao Family. A reportagem da DINHEIRO conversou ali com diversos empresários que, invariavelmente, falaram do temor de ficarem obsoletos e reforçaram o valor da reciclagem de ideias como as trazidas por Oscar e Tavares.