Os primeiros passos da presidente eleita Dilma Roussef, ainda enquanto espocavam os rojões da vitória, agradaram bastante ao mercado financeiro. Dilma indicou que o governo vai permanecer no caminho que os investidores aprovam. Afirmou que não vai tomar atalhos no controle dos gastos públicos, não vai se desviar do câmbio flutuante e do compromisso com a estabilidade da moeda. “A sociedade brasileira não aceita mais inflação”, disse Dilma em seu primeiro discurso após a divulgação dos resultados. Os mercados se animaram e avançaram. Na segunda-feira 1º, primeiro pregão após a eleição, o Índice Bovespa subiu 1,26% para 71.560 pontos, em um dia de volume abaixo da média do ano e com a bolsa de Nova York fechando praticamente estável. O dólar subiu 0,2% para R$ 1,7044. E você, o que fará com o dinheiro neste novo cenário de mudanças em Brasília?

 

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Os profissionais do mercado financeiro avaliam que a rota do governo Dilma será positiva para os investimentos. Serão poucas as mudanças em um curso que vem dando certo. 

 

“A política econômica vai permanecer na mesma direção, seguindo as metas de inflação e com a manutenção do câmbio flutuante”, diz Alexandre Póvoa, presidente da empresa de gestão de recursos Modal Asset. Alguns analistas apostavam até na continuidade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BC, Henrique Meirelles.

 

Nesse cenário, os analistas diferenciam dois momentos na caminhada: o curto prazo, relativo a 2011, e o médio prazo, valendo para os três anos entre 2012 e 2014. No curto prazo, o governo deverá promover uma ligeira redução do passo. 

 

“A economia está bastante aquecida e a inflação deve fechar acima da meta de 4,5% em 2010”, diz Gilberto Poso, superintendente de gestão do HSBC. Por isso, o mercado espera um aumento dos juros no ano que vem. 

 

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Alexandre Póvoa: ”A política econômica deverá permanecer na mesma direção com Dilma”

 

Hoje em 10,75% ao ano, a taxa Selic pode encerrar 2011 em um percentual entre 12,5% e 13%. Apesar do endurecimento do BC, os prognósticos para a economia são bons, com um crescimento do PIB entre 4% e 5%. Nesse cenário, o dólar deve encerrar o ano a R$ 1,70 e a bolsa pode subir 20% para cerca de 85 mil pontos se não houver nenhum grande susto lá fora. 

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No médio prazo, as perspectivas indicam que o governo procurará trilhar o caminho da redução dos juros, que deverão voltar para taxas de um dígito já em 2012, embora ninguém se arrisque a prever um número. 

 

A pressão de queda do dólar, que vem atormentando os exportadores nos últimos dois anos, deve arrefecer devido à redução dos superávits comerciais, que vêm caindo sistematicamente desde 2008.

 

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Gilberto Poso: ”A economia está bastante aquecida e a inflação deve fechar acima da meta”

 

Assim como em 2009 e 2010, a maior parte dos riscos vem de fora. “O governo Dilma não será um mar de rosas”, diz Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros. Segundo ele, Lula pegou um período de crescimento em todo o mundo, mas agora os principais países estão fazendo ajustes e Dilma terá de fazer o mesmo, o que pode arrefecer o ritmo de criação de empregos e afetar os resultados das empresas voltadas para o mercado doméstico. No entanto, esse cenário é considerado pouco provável.

 

Onde investir? Na renda fixa, a recomendação é para as aplicações pós-fixadas, que vão acompanhar a alta dos juros. “Não há vantagens em aplicações prefixadas”, diz Denise Pavarina, diretora-superintendente da empresa de administração de recursos do Bradesco. 

 

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Clodoir Vieira: “O ambiente econômico no governo Dilma não será um mar de rosas”

 

Apesar do cenário positivo, a elevação dos juros poderá provocar alguns solavancos no mercado. “O investidor deve colocar 20% de suas aplicações em fundos multimercados para aproveitar essas oscilações”, diz Denise. 

 

As melhores ações para 2011 são aquelas de empresas voltadas para o mercado interno e para quem produz commodities minerais e agropecuárias, devido às boas perspectivas de crescimento econômico na China. 

 

“Fala-se muito em uma desaceleração da economia na China, mas, se algo ocorrer, será muito gradual”, diz Poso. Outros setores, como os de logística e de bens de capital, também são promissores para o investidor. 

 

“O ano que vem deve ser um período de ampliação dos investimentos em infraestrutura”, diz Denise. Seguindo esse mapa, será possível caminhar lucrativamente pelos próximos quatro anos.

 

Colaborou Juliana Schincariol