24/03/2015 - 18:00
Na infância do comércio eletrônico, em meados dos anos 1990, a internet era considerada a plataforma ideal para eliminar o intermediário. Afinal, por que comprar um carro em uma concessionária se você poderia fazer isso direto com o fabricante? Duas décadas depois, a intermediação é o modelo de negócio de uma nova geração de companhias pontocom que estão recebendo milhões de reais de investidores de capital de risco. São empresas como GetNinjas, Helpling, Blumpa e We Do Logos. Em comum, elas fazem a ponte entre um prestador de serviço autônomo, como empregadas domésticas, encanadores, eletricistas e webdesigners, com o consumidor.
“Queremos ser a Amazon dos serviços”, afirma Eduardo L’Hotellier, que fundou, em 2011, o GetNinjas com um investimento de US$ 700, usado para contratar programadores indianos para desenvolver a plataforma. O GetNinjas já movimentou R$ 5 milhões em serviços contratados e conta com 70 mil profissionais cadastrados, que são listados por um algoritmo que avalia fatores como reputação e localização. Para um profissional se destacar ainda mais, ele pode pagar para subir na busca feita pelo consumidor, da mesma forma que faz o Google com os seus links patrocinados.
Esse modelo de negócios atraiu fundos como o Kaszek Ventures, que investe na Restorando.com.br e na Netshoes, Otto Capital, que aportou recursos na Safer Taxi, e da Monashees Capital, que detém participações na Conta Azul e Elo7. Os investidores de capital de risco estão de olho no potencial desse setor. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) referente ao quarto trimestre de 2014, quase um em cada quatro brasileiros trabalha por conta própria (23,4%), sendo 9,3% no serviço doméstico. É por essa razão que a área de faxineiras e de empregadas domésticas conta com dois negócios exclusivamente voltadas para elas: o Helpling e a Blumpa.
“As profissionais da limpeza que estão na Helpling têm garantia de ter serviço sempre”, diz Eduardo Küpper, CEO do Helpling, que conta com investimentos do fundo alemão Rocket Internet. Com isso, ele acredita que pode minimizar um dos seus principais desafios. Depois de preencher sua agenda, a faxineira tende a abandoná-la para não pagar a mensalidade do site. A rival Blumpa, por sua vez, aposta que a sua plataforma online é muito menos burocrática que uma agência tradicional de empregos para contratar uma diarista. “É um mercado muito ineficiente”, afirma Eduardo Del Giglio, que criou a empresa em 2013 com capital próprio e recebeu, no ano passado, um aporte, de valor não revelado, do fundo brasileiro NH Investimentos.
As plataformas de contratação de serviço autônomo pode também inverter a lógica de quem busca um serviço. Observe o exemplo da We Do Logos, fundada por Gustavo Mota, em 2010, para oferecer serviços criativos. Nela, um cliente ou uma empresa publica o tipo de serviço que precisa e os profissionais liberais fazem sua oferta. “Os clientes amam o processo por receber variedade de opções, cerca de 20 ou 30 por projeto”, diz Motta, que recebe 30% de comissão com os serviços prestados pelos profissionais cadastradas no site. O negócio cresceu e Mota lançou em outubro do ano passado a plataforma WeLancer, voltada para serviços mais complexos, como programação, marketing e vídeos.