A estrutura necessária para os Jogos Olímpicos Rio 2016, à parte de todas as polêmicas e problemas que a envolvem, custará mais de R$ 39,1 bilhões. Essa é a última previsão de orçamento divulgada pela Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão governamental responsável pela fiscalização do evento. Esse montante será distribuído entre as obras necessárias para a realização das provas, o plano de políticas públicas e o orçamento do Comitê Organizador.

O valor é maior do que o investido na Copa do Mundo de 2014 (R$ 27,1 bilhões), mas menor do que as 11,15 bilhões de libras esterlinas gastas em Londres, há quatro anos, considerando o câmbio atual. Tanto dinheiro não ficaria fora do radar das grandes empresas, é claro. Além de associarem suas marcas aos famosos círculos olímpicos, considerado o símbolo mais valioso do mundo das marcas, os patrocinadores da Olimpíada aproveitam para fechar negócios bilionários.

Empresas como as americanas Dow e GE, a japonesa Nissan e a suíça Omega participam ativamente da organização dos Jogos, ganhando em troca não só aumento no faturamento, como a possibi lidade de ganhar novos clientes. “O Rio de Janeiro é um grande show room para nós” afirma Guilherme Dias, líder comercial da companhia para os Jogos Olímpicos. Segunda maior empresa química do mundo, a Dow fornece, entre outros produtos, grama sintética, tubos de drenagem, insumos de pintura, caixas d’água e até os colchões que serão usados pelos atletas na Vila Olímpica.

A empresa assinou contrato de patrocínio com o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2011, válido por dez anos. Nesse período, a expectativa é de gerar receitas adicionais de US$ 1 bilhão, em cinco Olimpíadas (três de verão e duas de inverno). “Estamos confiantes que vamos atingir a meta antes do prazo estipulado”, afirma Dias. Não por acaso, as parcerias entre o COI e seus fornecedores tendem a ser de longo prazo. A fabricante de relógios Omega, por exemplo, é responsável pela cronometragem das provas desde os Jogos de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1932.

Neste ano, a empresa trará para o Rio de Janeiro uma nova tecnologia para detectar se o atleta “queimou a largada” capaz de detectar o mínimo movimento em falso. Na linha de chegada, o sistema usa uma câmera capaz de fazer 10 mil imagens no intervalo de um segundo. A empresa não divulga o valor de investimento ou o quanto pretende faturar com os Jogos. Já a GE, parceira do COI desde 2005, renovou esse compromisso até 2020. Neste ano, a meta era participar de 100 projetos olímpicos. “Chegamos a 180, em oito áreas de negócios diferentes”, afirma Alfredo Mello, líder comercial para as Olimpíadas.

Assim como a DOW, a companhia espera faturar US$ 1 bilhão em dez anos, considerando as seis Olimpíadas entre 2006 e 2016. A GE é responsável pela iluminação de oito arenas. “O desafio é gerar iluminação suficiente para a televisão, mas sem atrapalhar a visão dos atletas com os refletores”, diz Mello. Na área médica, a companhia fornece equipamentos e sistemas para a policlínica olímpica, que vai dar os primeiros socorros a atletas contundidos. As instalações contam com equipamentos de ponta para diagnósticos, como ressonância, raios-X e ultrassom.

Outra novidade são equipamentos portáteis de ultrassonografia que podem ser utilizados, inclusive, diretamente nas pistas ou campos de jogos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Propaganda, por conta da Rio 2016, o mercado brasileiro de publicidade deve registrar um crescimento de 10% neste ano — em 2015, o setor movimentou cerca de R$ 46 bilhões. Somente os patrocinadores globais do evento devem investir R$ 1,2 bilhão em marketing. Outros R$ 3 bilhões virão de apoiadores locais.

A Nissan, por exemplo, está transformando o maior evento esportivo do planeta no maior palco para o marketing da companhia em toda sua história. Além de fornecer cinco mil veículos para serem utilizados durante os  jogos, inclusive carros adaptados às necessidades dos atletas paralímpicos, a montadora lançou modelos comemorativos ao evento, entre eles o SUV compacto Kicks. “Investir em um evento do porte da Rio 2016 não é apenas uma iniciativa de marketing, mas a demonstração de confiança da marca em um país que, independentemente da atual dificuldade, se consolidará com uma das maiores potência econômicas do planeta”, disse o presidente da Nissan do Brasil, François Dossa.

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