13/05/2016 - 20:00
Eleito presidente da Argentina em novembro de 2015, o empresário e ex-prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, tinha de correr contra o tempo para provar aos argentinos, ao mercado e aos líderes globais que sua gestão seria o oposto do populismo dos últimos doze anos de kirchnerismo. Em três meses e dez dias de mandato, Macri cumpriu boa parte do que prometeu e realizou doze medidas voltadas para a retomada do crescimento econômico, com investimentos em infraestrutura, acordos com credores, fim do controle cambial entre outros.
O choque de credibilidade de Macri precisava ser imediato. Cinco dias depois de sua posse, em 10 de dezembro, suas primeiras medidas foram anunciadas. Uma dessas ações foi a unificação da cotação do dólar no país. Até então, a moeda tinha três valores. Ele pôs fim, também, ao “cepo”, controle cambial implementado por Cristina, em 2011, em meio à fuga de divisas que levou o país a reviver a hiperinflação dos anos 1980. Na área externa, Macri acertou o pagamento da renegociação da dívida com os credores, o que destravou o mercado internacional para o país. Depois de 15 anos, a Argentina acessou o mercado de crédito e captou US$ 16 bilhões.
A reconquista da confiança destravou investimentos privados. As primeiras a acreditar numa “nova Argentina” foram a Dow Chemical e a YPF, que anunciaram um investimento de US$ 500 milhões para a exploração de gás de xisto. Aportes voltados à infraestrutura, um dos setores esquecidos no antigo governo, também retornaram à pauta, com articulações do governo para fechar parceria com a iniciativa privada. “As empresas voltaram a confiar no país”, diz Eric Ritondale, economista-chefe da consultoria Econviews.
Macri reabriu as portas para o capital externo e retomou o papel de protagonista nas relações internacionais. Ele abriu negociações bilaterais e recebeu cinco visitas oficiais, como a de François Hollande, presidente da França, e de Mateo Renzi, primeiro-ministro da Itália. Sua popularidade roubou a cena no Fórum Econômico Mundial, em Davos, onde se encontrou com Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos. Na Argentina, os 100 dias valeram por um governo.
—–
Confira as demais matérias do “Especial Governo Temer”:
- Uma ponte com os empresários
- Dez medidas para os 100 primeiros dias de Temer
- A corrida pela confiança
- Seis anos para o grau de investimento
- “A virada da economia começará no segundo semestre”
- Troca de guarda no Banco Central
- Bancos públicos passados a limpo
- O desafio das construtoras
- Rota segura