O empresário paulista Sérgio Frangioni começou a trabalhar cedo. Aos 13 anos, já frequentava a fábrica de produtos químicos da qual seu pai, Giuseppe, um imigrante italiano, era sócio. Foi ajudante de escritório, de almoxarifado e de mecânica. “Comecei por baixo, mas desde cedo tive gosto pelo negócio”, lembra Frangioni. Em 1984, a sociedade na fábrica começou a se desfazer e Giuseppe fundou o laboratório Blanver, especializado em insumos para medicamentos.

Frangioni continuou lá até assumir o comando da empresa, com o afastamento do pai, que passou ao conselho de administração, em 2009. Sob sua direção, a empresa, que exporta para mais de 100 países, alcançou um faturamento de R$ 120 milhões em 2010. Mas o principal salto em sua trajetória está perto de ser dado. A produção do genérico do antirretroviral tenofovir, cujo primeiro lote foi entregue em maio, deve render R$ 80 milhões ao laboratório neste ano.

 

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Frangioni, da Blanver: R$ 80 milhões a mais nos cofres da empresa em razão de acordo com Ministério da Saúde

 

O medicamento constitui um dos principais remédios que integram o coquetel utilizado no tratamento da Aids. Com isso, a Blanver deve se tornar a segunda companhia brasileira a produzir integralmente um medicamento genérico para combater o vírus do HIV no Brasil. O pioneirismo coube à dupla Cristália e Nortec, que, em 2009, desenvolveu em parceria o princípio ativo do efavirenz, hoje produzido pela Fiocruz. 

 

A produção deste genérico permite à Blanver ingressar em um nicho importante. Com um único cliente – o Ministério da Saúde – esse mercado movimentou R$ 784 milhões em 2010, entre medicamentos de marca e genéricos. Apenas com o tenofovir, o governo deve reduzir seus gastos com antirretrovirais em R$ 410 milhões ao ano. “O exemplo da Blanver deve incentivar outros laboratórios locais a seguir esse caminho”, afirma Odnir Finotti, presidente da Pró-Genéricos, que reúne fabricantes de remédios sem marca. 

 

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O contrato com o ministério é válido por três anos, mas pode ser estendido. Depois disso, a Blanver terá de exportar. E também diversificar. “Estamos em processo de lançamento de mais três produtos”, disse Frangioni. Um deles é o raloxifeno, utilizado para o tratamento de osteoporose, que deve ter uma escala de venda menor que a do tenofovir, mas com boa rentabilidade.