Desde que começou a funcionar, há duas semanas, o abatedouro de suínos da Aurora Alimentos, que fica em Joaçaba, em Santa Catarina, opera em um único turno. A partir de setembro, o ritmo de trabalho será intensificado, pois a empresa vai dobrar seu efetivo para 1.100 funcionários. Na unidade do município catarinense de Xaxim, que está sendo ampliada, mais 500 pessoas serão contratadas e treinadas até junho. “A escassez de mão de obra não nos permite encontrar profissionais prontos no mercado”, diz Neivor Canton, vice-presidente da companhia. Os empregos gerados pela Aurora neste ano já estão na conta do governo.

 

116.jpg

Canton, da Aurora Alimentos: empresa vai criar 1.100 empregos neste ano

 

Na terça-feira 21, durante apresentação dos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) de 2013, que mostram os postos com registro em carteira, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, previu que serão criados ao menos 1,4 milhão de vagas neste ano. “O mercado de trabalho já acelerou no segundo semestre e temos muitos investimentos neste ano, que vão criar novas vagas”, afirmou à DINHEIRO (leia entrevista ao lado). A inauguração de novas fábricas no País também vai contribuir para a geração de novos postos. Até o fim do ano, BMW, JAC Motors, Chery, Fóton, Mercedes-Benz e Ambev vão criar, juntas, 34 mil empregos diretos e indiretos. 

 

A japonesa Nissan vai contratar 2 mil funcionários para a unidade que começa a funcionar ainda no primeiro semestre em Resende, no Rio de Janeiro. O setor de serviços foi responsável pela criação de 546,9 mil vagas em 2013, quase a metade do total de 1,1 milhão de novos postos formais gerados no País. E vai continuar contratando. Se antes andava a reboque de outras áreas da economia, hoje é o que puxa outros segmentos. “Para cada emprego no setor de serviços, outros quatro são indiretos, criados em áreas como contabilidade, infraestrutura e distribuição”, diz Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira da Franchising (ABF). 

 

Ele espera a abertura de 10 mil novas franquias e a geração de 90 mil empregos diretos, com destaque para as marcas ligadas a hotelaria, alimentação e logística. O Grupo Multi, dono da maior rede de escolas de idiomas e de ensino profissionalizante do País, recém- incorporado pelo britânico Pearson, planeja abrir 260 novas unidades neste ano. As dez marcas, que incluem Wizard, Yázigi, Microlins e Skill, devem criar 5.200 mil novos empregos. A expansão será impulsionada pelos cursos de inglês e em cidades menores.

 

As obras de infraestrutura que começam neste ano também vão garantir um mercado de trabalho mais aquecido nos anos seguintes. Segundo Adriana Prates, presidente da consultoria Dasein de recrutamento de altos executivos, as concessões em infraestrutura vão demandar profissionais com formação principalmente em logística, engenharia de produção e engenharia naval. “O Brasil é um vulcão que vai entrar em erupção a partir de 2015”, afirma Adriana. O País tem potencial de continuar reduzindo a taxa de desemprego, hoje no patamar 

mínimo histórico de 4,6%.

 

————

Entrevista com Manoel Dias, Ministro do trabalho

Por Denize BACOCCINA

 

“Serviço é o emprego do futuro”

 

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, prevê a abertura de 1,4 milhão de vagas na economia brasileira neste ano, mais do que no ano passado, novamente puxada pelo setor de serviços.

 

117.jpg

 

Essa previsão de criar 1,4 milhão de vagas não é muito otimista?

Não é. Eu não sou técnico, mas nossos técnicos fizeram os cálculos. A partir do segundo semestre do ano passado tivemos uma recuperação no emprego, o que indica uma melhora para este ano.

 

Que setores vão puxar a criação de vagas em 2014?

Serviço continua sendo o principal. É o emprego do futuro. O aumento da automação leva o trabalhador a procurar emprego em serviços e a melhora da renda amplia o setor. Serão criadas muitas vagas na àrea petroquímica e na construção civil.

 

A indústria sempre teve um emprego melhor que o setor de serviço. Isso vai mudar?

Está mudando. Os salários estão aumentando com esse cenário de quase pleno emprego. Vamos criar vagas na indústria. Temos cinco fábricas de veículos em construção, além dos investimentos em infraestrutura e petróleo.