28/06/2013 - 21:00
A fábrica da Mitsubishi do Brasil, em Catalão (GO), mais parece um canteiro de obras. Isso porque a empresa está em meio à execução do maior plano de investimento de sua trajetória no Brasil, iniciada em 1989. Até 2015, será gasto R$ 1,1 bilhão para dobrar a capacidade anual de produção, chegando a 100 mil veículos. O plano também contempla a nacionalização de modelos. Entre as principais mudanças no complexo industrial está a construção de um novo prédio para pintura, de uma fábrica de motores e de um parque de fornecedores capaz de abrigar até 15 empresas. Com isso, a direção da montadora poderá cumprir a ambição de acelerar no asfalto, após ter se transformado, ao longo de 24 anos, em sinônimo de veículo fora-de-estrada. Nesse nicho, seu trunfo é o sedã médio Lancer.
Ingo Hoffmann, coordenador do Mitsubishi Drive Club: ”Queremos repetir a receita
que usamos para fidelizar os clientes de carros off-road”
O modelo, hoje importado do Japão, deverá entrar na linha de montagem em 2014. Para aumentar a visibilidade do Lancer, a Mitsubishi chegou a construir um autódromo em Mogi-Guaçu, a 180 quilômetros de São Paulo. Quem cuida do local é o ex-piloto Ingo Hoffmann, 12 vezes campeão brasileiro de Stock Car. “Queremos repetir a receita que usamos para fidelizar os clientes de carros off-road ”, diz Hoffmann, coordenador do Mitsubishi Drive Club, responsável por todas as atividades realizadas na pista, entre elas as provas da Lancer Cup (corrida de Lancer) e a escola de pilotagem. No quesito nacionalização de modelos, o primeiro beneficiado é o crossover ASX, que começou a ser fabricado em Catalão, no início deste mês.
A montadora espera vender 15,6 mil unidades do ASX por ano, quase 50% a mais do que o volume atual. Com isso, ele será outro protagonista dos planos da Mitsubishi para ganhar mercado no asfalto. “Estamos subindo um degrau de cada vez”, afirma Robert Rittscher, presidente da Mitsubishi. O executivo vai brigar também no disputado e pujante segmento de sedãs, que cresceu 24% em 2012 e representa 6,8% do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves. O líder da categoria é o compatriota Toyota Corolla, com 56,3 mil carros emplacados no ano passado. O Lancer, no entanto, ainda não pôde mostrar todo o seu potencial, por conta das condições tributárias adversas para os veículos importados.
Pé no acelerador: a fábrica da Mitsubishi, em Catalão (GO), está em obras e terá sua capacidade
de produção dobrada para 100 mil unidades por ano
Em 2012, foram comercializadas 6,6 mil unidades. A expectativa é dobrar esse montante, a partir da fabricação local. “Para brigar em igualdade de condições com concorrentes como Honda, Toyota e GM, é preciso produzir aqui e investir bastante em marketing”, afirma Fernando Trujillo, analista da consultoria automotiva americana IHS. Os planos da Mitsubishi não devem parar por aí. A entrada no segmento de veículos compactos é vista como inevitável por Ritscher, o presidente da montadora. Caso isso aconteça, a empresa estará seguindo a tendência das também orientais Hyundai, com o HB20, e Toyota, com o Etios.
Por ora, a Mitsubishi deverá concentrar seus esforços no Lancer. Uma das estratégias para conquistar consumidores é seguir à risca a bem-sucedida receita aplicada aos veículos de vocação esportiva. Nesse quesito, o autódromo será a ferramenta de marketing e a alavanca comercial. Inaugurado em 2012, o circuito de 3,4 mil metros custou R$ 20 milhões ao grupo Souza Ramos, representante da companhia japonesa no País, e recebeu o aval de visitantes ilustres, como o tricampeão Nelson Piquet. “Ele deu uma volta comigo no Lancer e ficou impressionado com a qualidade do circuito”, afirma Hoffmann. Agora, a direção da montadora espera que os demais clientes achem o mesmo.
Diretamente de Catalão (GO)