21/09/2013 - 7:00
Poucos setores da economia brasileira crescem na velocidade do comércio eletrônico, que dobrou de tamanho em quatro anos, faturando R$ 22,5 bilhões em 2012. Tamanha expansão tem chamado a atenção de gigantes do varejo online internacional, como o eBay e a Amazon. Ambos anunciaram planos para o mercado brasileiro, mas, em vez de desembarcarem por aqui com uma estratégia arrasa-quarteirão, comprando empresas e investindo milhões de dólares em logística e marketing, as companhias optaram pela cautela. O eBay, o maior site de leilões do mundo, com receita de US$ 14 bilhões, é um exemplo dessa chegada a conta-gotas.
Na quarta-feira 18, a companhia informou que sua operação brasileira começará com um aplicativo para vender roupas, acessórios, joias e calçados no País. Ele terá textos em português e os valores estarão convertidos para o Real, mas os produtos serão todos importados. Outros aplicativos devem ser lançados mais adiante. Um site, como o dos Estados Unidos, está nos planos, mas só daqui a um ano. “O mercado brasileiro tem muito a crescer”, diz Luis Arjona, presidente da subsidiária brasileira do eBay. “Acredito que estamos entrando na velocidade adequada.” Por que esses gigantes chegam a passos de tartaruga em um mercado que cresce tão rapidamente? “Montar uma estrutura no País não é fácil”, afirma Pedro Guasti, diretor-geral da consultoria de comércio eletrônico e-bit.
Luis Arjona, presidente do eBay no Brasil: “Acredito que estamos
entrando na velocidade adequada”
“Há a questão logística, a tributária, a de parcerias e, claro, a de marketing.” A operação online da varejista americana Walmart é um exemplo dessa dificuldade. A empresa de Bentonville trouxe para cá sua tecnologia e o padrão de operação online dos Estados Unidos, começando seu projeto do zero. Foi necessário mais de um ano até que a empresa conseguisse operar a todo vapor no Brasil. “Devemos levar em conta que o Walmart tem operação consolidada no varejo físico”, afirma Gerson Rolim, diretor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net). “Sem essa base, a tendência é de que seja necessário um tempo maior para entender questões logísticas e tributárias brasileiras.”
É por essa razão que a Amazon optou por trazer primeiro o Kindle, antes de se aventurar pela montagem de uma operação de comércio eletrônico. No mercado, especulou-se que a empresa de Jeff Bezos compraria a Livraria Saraiva, de São Paulo, pavimentando o caminho para entrar com tudo no mercado brasileiro. Quem não quis esperar foi a Rakuten, maior operação online do Japão. A companhia comprou a Ikeda em 2011. “Foi a oportunidade para entrar no mercado emergente do Brasil”, afirma Ricardo Ikeda, fundador da antiga desenvolvedora de sites e que hoje é presidente da Rakuten no Brasil. Mundialmente, o eBay é conhecido por sua agressiva política de aquisições, que abrevia a conquista de mercado em países-chaves.
Nos últimos 15 anos, o eBay fez 43 aquisições, 18 delas internacionais. “Todos conhecem a política de aquisições do eBay”, afirma o CEO Arjona . “Mas hoje não há nada definido, o que faremos no futuro depende de nossos números.” Caso os negócios no Brasil deem resultado, a empresa permitirá que os brasileiros criem lojas dentro de seu sistema para vender aos usuários da plataforma pelo mundo. O investimento na operação nacional, atualmente, não é dos maiores. O eBay tem uma divisão em seu QG, na Califórnia, que gerencia as operações internacionais. No Brasil, o escritório – que ainda não começou a ser formado – não deve ter mais de 20 funcionários, que complementarão as ações vindas dos EUA.