Desde 1988, o bilionário Donald Trump ameaça concorrer a um cargo público nos Estados Unidos. Com audiência garantida, ele atrai a mídia e chama a atenção com frases de efeito, mas, na hora de entregar a documentação para a Justiça eleitoral, volta atrás. A estratégia de marketing funciona para seus negócios imobiliários e seus programas de televisão. Desta vez, Trump jura que vai brigar com outros 11 pré-candidatos republicanos, entre eles Jeb Bush, filho de George Bush e irmão de George W. Bush, ex-presidentes, e Marco Rubio, os preferidos entre os dirigentes conservadores.

Sua vitória poderá impedir uma nova disputa entre os Bush e os Clinton. Do lado democrata, Hillary, a esposa do ex-presidente Bill Clinton, deve ser a escolhida para lutar pela cadeira principal no salão oval da Casa Branca, nas eleições de novembro de 2016. O anúncio feito por Trump mostrou como sua presença pode ser divertida nessa disputa. O magnata prometeu devolver aos EUA a sua grandeza e mostrou como pretende ser o líder da maior nação do mundo: ele quer construir um muro de mais de três mil quilômetros para separar “os problemas que vêm do México”, defender os americanos dos roubos chineses e apenas interferir na Líbia se puder ficar com todo o petróleo.

“Serei o melhor presidente que Deus já criou”, disse Trump, com a modéstia habitual. Sua figura caricata vai garantir uma boa dose de humor entre os discursos tediosos característicos dos candidatos que medem cada palavra. Nesses primeiros dias de candidatura oficial, é fácil apostar que sua aparição é uma tentativa de recuperar o prestígio de “O Aprendiz”, programa da rede NBC que está atraindo um quarto da audiência registrada há 11 anos. Mas há quem diga que o tamanho de sua fortuna é controversa e Trump não estaria disposto a revelá-la – ele é um dos poucos concorrentes que não prestou informação espontaneamente e será obrigado a preencher um formulário até 15 de julho.

A estimativa é que o valor total de seus bens seja de, aproximadamente, US$ 9 bilhões. Algo diferente disso pode indicar algum tipo de fraude. Seja como for, aos 69 anos, Trump sabe que é rico o suficiente para bancar qualquer estripulia. Mesmo que seja para gastar alguns milhões apenas para atrair alguns holofotes. Como os Estados Unidos já elegeram outro ator como presidente, Ronald Reagan, em 1981, nada mais justo que o país do entretenimento ter um show man concorrendo novamente à presidência da República.