Ao contrário do que muitos podem imaginar, o presidente da Telefônica Vivo, o israelense Amos Genish, tem o aplicativo WhatsApp instalado em seu smartphone. Mas ele só usa o popular app para enviar mensagens de texto. “É uma ferramenta muito boa”, diz ele, com seu carregado sotaque em inglês. Se receber uma ligação pelo WhatsApp, não tenha dúvida, Genish não atenderá. A razão é simples: o executivo transformou-se na principal voz das operadoras contra provedores de conteúdo que oferecerem serviços em cima das redes das empresas de telefonia, como o aplicativo do Facebook, que já ultrapassou a barreira de 900 milhões de usuários mundialmente.

Na quarta-feira 28, Genish mostrou mais uma arma de seu arsenal contra o WhatsApp. Ele anunciou o TuGo, aplicativo da Vivo para concorrer contra o programa do Facebook, bem como o Skype, da Microsoft. “Ele tem tudo para rivalizar com o WhatsApp”, afirmou o executivo, durante a Futurecom, evento de telecomunicações que aconteceu na semana passada em São Paulo. O TuGo permite fazer chamadas para telefones, bem como assistir a programação de tevê a cabo da Vivo. Ele não é gratuito e debita o valor das chamadas nos planos dos clientes.

“Acredito ser muito difícil que um produto de uma operadora possa competir com o WhatsApp, que é um marca global”, diz Álvaro Leal, analista de mercado da consultoria paulista IT Data. “É como se a Globo tentasse competir com o Facebook.” O TuGo é apenas a ponta do iceberg na estratégia de aplicativos da Telefônica Vivo. Desde que assumiu a operadora, no fim de maio, o executivo traçou um plano de transformar a empresa do grupo espanhol em uma espécie de Amazon do setor de telefonia. Os aplicativos serão fundamentais para que Genish possa implantar essa estratégia.

Hoje, a Telefônica Vivo conta com mais de 80 aplicativos que devem gerar receitas de R$ 2 bilhões em 2015. Perto dos mais de R$ 40 bilhões que a operadora deve faturar no Brasil, essa receita parece insignificante – são apenas 5% do total. Mas Genish acredita que essa será a forma de os jovens se relacionarem com as empresas. “Não podemos continuar a fazer o negócio do mesmo jeito, pois o mundo está mudando”, afirmou Genish, em uma recente entrevista à DINHEIRO. “Precisamos pensar como uma empresa digital e isso muda os tipos de serviços que oferecemos.”