07/11/2014 - 20:00
O capitalismo brasileiro vem se destacando no cenário mundial por conta do prestígio obtido por empresas dos mais diversos setores. São gigantes como Ambev, JBS, BRF (nascida da fusão entre Sadia e Perdigão), Embraco e Embraer. E não poderia ser diferente. Afinal, são marcas reconhecidas pelo grande público e que souberam cavar seu espaço em mais de 100 países, de todos os continentes. Mas é o pelotão intermediário, formado por companhias que têm receita entre R$ 70 milhões e R$ 500 milhões, que está chamando a atenção do mercado. Afinal, as médias de hoje serão as gigantes de amanhã.
Foi para celebrar o trabalho desse contingente que a DINHEIRO criou o ranking AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. Na edição 2014 do prêmio, a grande vencedora foi a Ser Educacional, grupo que controla as Faculdades Mauricio de Nassau (Uninassau) e Joaquim Nabuco, entre outras espalhadas pelos Estados das regiões Norte e Nordeste. “A nossa empresa é genuinamente nordestina, assim como eu, que nasci no sertão da Paraíba e, graças à educação, consegui ser bem-sucedido”, disse José Janguiê Diniz, fundador e acionista majoritário da Ser Educacional, ao receber o prêmio das mãos de Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três.
A cerimônia ocorrida em São Paulo, em 31 de outubro, reuniu empresários e autoridades, como o ministro Guilherme Afif Domingos, titular da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. Foram homenageadas as campeãs de 32 setores da economia. Dentre elas, a Dudalina, da empresária Sônia Hess, campeã do Middle Market em 2013 e vencedora deste ano na área têxtil. Afif destacou o papel estratégico das integrantes do middle market para o crescimento da economia brasileira. Segundo ele, esses empresários lidam com um duplo desafio.
Por um lado não têm a flexibilidade dos pequenos e, de outro, carecem do fôlego financeiro dos grandes. “Parabéns aos heróis do middle market por se manterem ativos e atuantes”, disse. Por sua vez, Osvaldo Roberto Nieto, presidente da consultoria Baker Tilly Brasil, parceira da DINHEIRO na elaboração do ranking, destacou a faceta mais vibrante dessas empresas, muitas das quais representam o futuro do capitalismo brasileiro. Para ilustrar sua tese, citou como exemplo a JSL (ex-Júlio Simões), a Hering e a Lorenzetti. Em 2003, nenhuma delas ultrapassava a marca de faturamento de R$ 450 milhões.
Hoje, integram o bloco das bilionárias. Em sua palestra, Nieto destacou que para suavizar as dores do crescimento é preciso seguir um roteiro que inclui, entre outros pontos, planejamento sucessório, estratégia de crescimento bem definida e foco na governança corporativa. Da porta para fora, ele sugeriu a adoção de um ambiente que facilite os negócios. “As médias empresas precisam de menos regras, menos tributos e mais apoio para continuar crescendo.” Outro indicador da importância desse segmento do capitalismo brasileiro é o fato de ele ter entrado no radar das grandes agências de publicidade, como o Grupo ABC.
Um de seus fundadores, Nizan Guanaes, é quem está à frente da Africa Zero, agência focada no middle market. Em sua palestra no evento de premiação de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET, Guanaes destacou que a ambição de continuar crescendo deve ser trabalhada diariamente. “Nós apostamos nas empresas que têm fome de crescer”, diz o publicitário, que cuida pessoalmente de mais este filhote do grupo. “A Editora Três é visionária, pois aposta em um setor que é vibrante e inovador.” Na mesma linha seguiu o bilionário Carlos Wizard Martins, que amealhou R$ 1,9 bilhão com a venda do grupo Multi, dono das redes de idioma Yazigi, Skills e Microlins, à britânica Pearson.
Recentemente, ele voltou à ativa com a compra da rede varejista Mundo Verde, especialista em produtos orgânicos. “Para ser bem sucedido, é preciso ter disciplina e cuidar bem do dinheiro”, afirmou durante palestra na qual ele conta detalhes de sua carreira empresarial, que serviu de base para seu livro “Desperte o Milionário que Existe em Você”. São lições que Diniz, líder do clã que controla o grupo Ser, certamente incorporou ao longo de sua trajetória. “Dedico este prêmio aos funcionários”, afirmou o empresário.