A internet está encurtando distâncias. Impulsionado pelo sucesso de sites como Expedia e Decolar.com, o setor de agências online de viagens cresce em ritmo chinês na América Latina. Até 2012, as vendas de passagens e pacotes turísticos por meio dessas companhias devem dobrar na região, chegando a US$ 5 bilhões. 

Só neste ano, os consumidores deixarão com o setor US$ 3,4 bilhões, estima a  empresa de pesquisas PhocusWright. E as oportunidades são ainda maiores. Atualmente, o mercado online latino-americano, incluindo as vendas diretas, responde por 18% do total, porcentual bem abaixo do registrado nos mercados desenvol vidos, que gira em torno de 35%. O bom desempenho anima as empresas, que já falam em ampliar os setores de atuação. 

 

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Novo mercado: Alípio Camanzano, da Decolar, aposta nos segmentos de

serviços de hospedagem e pacotes turísticos 

 

A Decolar.com, empresa argentina líder em vendas online de passagens aéreas na região,  está investindo US$ 8,5 milhões para entrar no segmento de hotéis e pacotes turísticos, incluindo cruzeiros.  A companhia pretende ainda dobrar o número de funcionários, atualmente em cerca de 550. Os planos incluem o mapeamento de todos os hotéis brasileiros até o final deste ano e o lançamento de uma plataforma de pesquisas melhorada. 

 

“Até 2012, queremos estar entre os três maiores vendedores de pacotes do Brasil”, afirma Alípio Camanzano, diretor-geral da Decolar.com no Brasil. O otimismo de Camanzano faz sentido. No ano passado, sua empresa viu as vendas de passagens internacionais crescerem mais de 300%, para US$ 111 milhões. 

 

Mas, não será fácil atingir o objetivo. Para entrar no segmento de serviços de hospedagem, a Decolar vai ter de competir com a americana Expedia, a maior agência online do mundo, dona do consagrado Trip Advisor. No Brasil, a Expedia atua com o Hotéis.com. 

Segundo Javier Escobedo, diretor-geral do Hotéis.com para América Latina, os planos da empresa para o País são agressivos. “Estamos hoje entre as 10 maiores operações do grupo e queremos chegar entre as cinco”, afirma. A estratégia inclui fazer o caminho inverso da Decolar e passar a vender passagens aéreas na região, acirrando de vez a disputa. Ainda não há uma data definida para o início dessa operação. 

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No negócio de pacotes de viagem, Decolar e Expedia vão enfrentar um osso duro de roer. Ele atende pelo nome de CVC, a maior agência de viagens do Brasil, líder absoluta do segmento, com cerca de 70% do mercado. Segundo Camanzano, a força das agências online está em dois pilares: facilidade de comparar preços e de realizar a compra. 

 

Na opinião de Escobedo, o diferencial da Expedia está na sua rede de hotéis. “As agências de viagens precisam fazer parcerias entre elas para terem maior capilaridade, nós fazemos tudo diretamente”, afirma. “Não tem comparação.”  Diferenciais suficientes para tirar o viajante das lojas da CVC e de outras agências? Para o presidente da regional paulista da Associação Brasileiras das Agência de Viagens, Edmar Bull, não necessariamente. “Quem precisa de um consultor de viagem, vai até a agência”, diz Bull. De qualquer forma, ele concorda que a internet é o futuro. “Quem não investir no online, vai ficar para trás”, afirma. 

 

Não por acaso, quem também se anima com o crescimento das vendas online é a Webjet, companhia aérea que pertence à GLP Participações, holding controlada por Guilherme Paulus, o dono da CVC. No ano passado, as vendas da empresa pelo Decolar.com cresceram 120%, de acordo com Fábio Godinho, presidente da Webjet. “Quanto mais canais de vendas, melhor”, afirma Godinho, justificando sua aposta nas agências online. 

 

Apesar do bom desempenho na internet, o executivo não acredita que essa modalidade de venda roube mercado dos setores tradicionais. “No Brasil, não acredito que vamos ter 100% de compras online”, diz Godinho. “Falta superar algumas barreiras culturais.”  Com barreiras ou sem barreiras, o fato é que as agências online decolaram.