Não há dúvida de que o Brasil entrou no radar das grandes turnês dos popstars da música internacional. Nos últimos anos, muitos deles desembarcaram no País e fizeram shows para estádios lotados por plateias animadas de fãs histéricos, felizes por vê-los de tão perto. Por aqui, passaram desde a banda irlandesa U2, os Rolling Stones, o eterno beatle Paul McCartney à cantora pop Madonna. Esta última, por exemplo, se apresentou pela terceira vez no Brasil na semana passada. Tamanha efervescência refletiu-se na receita do setor de entretimento brasileiro, que movimenta US$ 34 bilhões ao ano, segundo dados da consultoria britânica Euromonitor. 

 

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Cara de tacho: Lady Gaga, em sua primeira visita ao Brasil, nem promoção

compre um e leve dois ingressos fez os estádios encherem

 

Mas a fórmula de trazer estrelas de renome global para se apresentar em palcos nacionais parece que está se esgotando. E quem está sentindo os efeitos dessa desaceleração é a Time for Fun (T4F), única empresa da área com capital aberto na bolsa de valores. Neste ano, suas ações desvalorizaram-se 16,9%. No mesmo período, o Ibovespa, que mede o desempenho das ações negociadas na bolsa, subiu 1,2%. Pior: nos últimos três, a queda dos papéis da T4F chegam a quase 50%. Tal desempenho reflete a colheita de uma série de más notícias. A primeira delas foi a perda da exclusividade do espetáculo do Cirque du Soleil, para a IMX, parceria entre o grupo EBX, do empresário Eike Batista, com a IMG Worldwide. 

 

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Novo palco: a empresa perdeu o Cirque du Soleil para a IMX, de Eike Batista

 

Em setembro, quando foi anunciado o fim do contrato com o grupo canadense, suas ações caíram 24,9% em um único dia. Para complicar, os shows da cantora americana Lady Gaga, que se apresentava pela primeira vez no Brasil, também não lotaram. Isso a despeito do apoio da Lojas Riachuelo, que fez uma promoção de compre um e leve dois ingressos para colocar 50 mil pessoas no estádio do Morumbi, na capital paulista – único número divulgado sobre o público presente na turnê de Gaga no País. Madonna repetiu o roteiro de Lady Gaga. Seus shows não empolgaram o público brasileiro e os estádios onde a diva do pop se apresentou não estiveram abarrotados de fãs. 

 

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Rainha pop: nem promoções de ingressos fizeram lotar shows de Madonna no Brasil

 

No Rio de Janeiro, por exemplo, o Parque dos Atletas, cuja capacidade era de 90 mil pessoas, recebeu 67 mil. Em São Paulo, o estádio do Morumbi estava cheio, mas não lotado com 57 mil fãs da cantora. Procurada, a T4F não quis conceder entrevista para esta reportagem. Para os analistas do setor de entretenimento, duas razões explicam esse resultado: valor dos ingressos acima do esperado pelo público e proximidade das datas das apresentações entre as duas divas do pop. Na apresentação dos resultados do terceiro trimestre deste ano, o presidente da T4F, Fernando Luiz Alterio, afirmou que as duas artistas não estão apresentando bons resultados em todo o mundo, não sendo um caso específico no Brasil. 

 

No balanço do terceiro trimestre, o lucro líquido da T4F recuou 29% na comparação com o mesmo período de 2011, para R$ 12,5 milhões. A receita gerada por shows ao vivo caiu 18%. A venda de ingressos, 12%. Outro fator que pesou nos resultados foi o dólar, que encareceu custos e cachês. No entanto, a receita líquida aumentou 23%, para R$ 138 milhões, puxada pelo setor de entretenimento familiar, como as apresentações do Cirque du Soleil, cujo contrato dura até janeiro de 2014, e musicais. Esses segmentos passaram a ser tão importantes para a empresa quanto o de grandes shows. Tanto que uma das apostas para 2013 é o musical Rei Leão, a maior bilheteria da história da Broadway, com mais de US$ 850 milhões arrecadados, que deverá estrear no primeiro trimestre. 

 

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