12/06/2015 - 20:00
Não seria exagero afirmar que a Apple praticamente criou o mercado de música digital, em 2001, com a dupla iPod e iTunes. Os dois foram a luz no fim do túnel da combalida indústria fonográfica, que perdia muito dinheiro com a pirataria. O modelo de negócio era simples: em vez de comprar CDs, os consumidores poderiam baixar faixas individuais, pagando pouco por elas. Foi um sucesso estrondoso. Mas 14 anos depois, a empresa ficou para traz e Tim Cook, o sucessor do falecido Steve Jobs no comando da Apple, pode ser considerado um tiozão que não acompanhou a evolução do setor.
Explica-se: a Apple seguiu apostando na fórmula do download e assistiu passivamente ao surgimento de competidores como o sueco Spotify e o francês Deezer, baseados em streaming, no qual todas as canções ficam armazenadas na internet e podem ser ouvidas online. Cook, agora, quer ser visto, como um tiozão descolado. Na segunda-feira 8, ele lançou o Apple Music, o serviço de streaming da companhia da maçã. “As pessoas não vão precisar mais ir a lugares diferentes para curtir música”, afirmou Cook. “Tudo estará dentro de nossa plataforma.”
A questão que se coloca é: não será tarde demais para Apple entrar no mercado de streaming? A história mostra que chegar atrasada não parece ser um problema para a empresa fundada por Jobs. Ela não criou o tocador de música digital, mas foi o iPod que mudou o setor. Quando lançou o iPhone, em 2007, a Apple fez todos os smartphones da época parecerem dinossauros, pouco antes de um meteoro se chocar com a Terra e condená-los à extinção. O Apple Music não conta com uma interface disruptiva, nem com algum recurso revolucionário, mas chega com um aliado de peso: o iPhone.
Em outras palavras, o serviço de streaming da Apple é um recurso de seu popular smartphone, que vendeu 61 milhões de unidades só no segundo trimestre de 2015. Pela primeira vez, o aplicativo nasce com uma versão para Android, do Google, o que aumenta o público potencial a ser conquistado. A desvantagem do Apple Music é que, ao contrário de seus concorrentes, não terá uma versão gratuita. “Todas as pesquisas afirmam que o usuário não tem vontade de pagar por música”, afirma Jay Frank, fundador da consultoria americana do mercado fonográfico Digimark. Para quem tem 800 milhões de consumidores usando os seus produtos, esse parece ser um mero detalhe.