Aos 72 anos de vida, o arcebispo de Sydney, George Pell, está longe de ter cumprido a sua missão na Igreja Católica. Conhecido pelos seus pares como um cardeal de personalidade forte, o australiano recebeu do papa Francisco a árdua tarefa de comandar as finanças da Santa Sé. Para isso, foi criada a Secretaria de Economia, uma espécie de Ministério da Fazenda do Vaticano, uma peça importante na implementação de um conjunto de reformas na Cúria romana, após os escândalos dos últimos anos. O mais grave deles envolveu lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano, revelada em 2012. “É uma tarefa imensa”, disse Pell, na terça-feira 25.

 

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Guardião do cofre: em 2010, o cardeal George Pell apresentou moedas

comemorativas em ouro e prata

 

O secretário de Economia terá amplos poderes, controlando inclusive a área administrativa, de pessoal e de aquisições. Numa demonstração de austeridade fiscal, o Vaticano cortou recentemente as horas extras dos funcionários e cancelou novas contratações. Pell é um hábil negociador, que tinha bom relacionamento com os papas João Paulo II e Bento XVI. Ele integra o grupo de oito assessores do papa Francisco empenhados em dar andamento às reformas previstas. O Vaticano anunciou ainda que vai contratar auditorias internacionais de renome, como KPMG, E&Y, Promontory e PWC, para fiscalizar as contas. “Se fizermos um uso eficiente dos recursos, poderemos melhorar a nossa capacidade de sustentar as obras da Igreja”, afirma Pell, que promete divulgar balanços trimestrais. 

 

Além de colocar as finanças da Igreja Católica em ordem, o secretário de Economia tentará mudar a imagem negativa provocada pelo vazamento de documentos secretos, no ano passado, no episódio conhecido como “VatiLeaks”. O papa Francisco nunca escondeu a sua insatisfação com os escândalos e prometeu virar o jogo. A nomeação de um “ministro da Fazenda” é o primeiro passo para moralizar as finanças da Santa Sé. Humilde, o cardeal australiano já adiantou que contará com a ajuda de um Conselho para a Economia, formado por oito religiosos e sete laicos. “Sempre pensei que a Igreja devia ser aconselhada por especialistas em economia”, diz Pell, o novo tesoureiro do papa.

 

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