27/10/2014 - 0:00
Até pouco tempo atrás, se algum empreendedor dissesse que iria apostar em energia eólica, produzida a partir dos ventos, seria olhado como uma espécie de ET, um candidato a perdedor. Nada mais equivocado: atualmente, os projetos nessa área já somam R$ 10 bilhões no Brasil e têm uma potência instalada de 2,2 gigawatts, equivalente ao da usina hidrelétrica Jatobá, no Pará, uma das dez maiores do País. Agora, a expectativa é de que o mesmo aconteça com a energia solar. O pontapé deverá ser o leilão de venda de energia, marcado para a sexta-feira 31, no qual devem ser apresentadas propostas para geração de até 1 gigawatt (GW), suficiente para abastecer uma cidade com 1,5 milhão de habitantes.
Além dos investidores e operadores, os fabricantes de equipamentos também estão de olho nesse filão. Um deles é a americana Xunlight Company, startup criada e dirigida pelo cientista sino-americano Xunming Deng. “Quem quiser crescer nessa área tem de investir no Brasil”, afirma o empresário, que não revela nenhuma informação financeira sobre o negócio. Na semana passada ele concluiu um périplo pelo País, durante o qual manteve uma série de encontros com potenciais clientes. O grande atrativo da Xunlight, segundo Deng, está no fato de produzir painéis flexíveis, que parecem lonas pretas.
Por conta disso, eles podem ser instalados, de forma harmoniosa, diretamente sobre qualquer tipo de cobertura, inclusive nas curvas, como tetos de galpões e abrigos de ônibus. O que não é possível com as placas tradicionais, que são rígidas e mais pesadas. A tecnologia foi desenhada para a microgeração de energia, nicho que deverá girar R$ 49 bilhões no País, até 2030, de acordo com a consultoria alemã DNV Kema. O principal argumento de venda é a autonomia proporcionada pelo equipamento, um atributo importante para setores críticos como o de telecomunicações, cujas Estações Rádio Base (usadas na amplificação do sinal de cobertura), dependem de energia elétrica para funcionar.
“Estamos de olho, também, nas transportadoras de carga perecíveis, cuja frota de caminhões necessita de refrigeração constante”, diz Orestes Gonçalves Junior, sócio da consultoria Sunlution, de São Paulo, distribuidora dos produtos da Xunglight. Apesar de não ser o único do tipo no mercado, os painéis curvos, segundo seu criador, possuem a vantagem de produzir mais energia em relação ao dos concorrentes. “A diferença está na tecnologia que desenvolvi”, diz Deng, que concilia a carreira de pesquisador da Universidade de Toledo, no Estado de Ohio, com a de empresário. “Meus sócios cuidam do dia a dia do negócio.”