O gramado do Jockey C lub de São Paulo, ou o que restava dele, foi palco da segunda edição do festival de música americano Lollapalooza no Brasil, realizada em março deste ano. Durante três dias seguidos, cerca de 170 mil pessoas se reuniram com um único objetivo: ouvir o mais puro rock alternativo. O sucesso de público pode levar a pensar que os organizadores do festival estariam satisfeitos com o evento. Mas não foi bem assim. A GEO Eventos, promotora de espetáculos musicais, peças de teatro e eventos esportivos das Organizações Globo, que organiza o festival, já sabia que, independentemente da lotação, teria prejuízos. E foi o que acabou acontecendo. Os fracos resultados apresentados até pelo mais bem-sucedido dos grandes eventos musicais realizados no País levaram a companhia a tomar uma medida drástica. 

 

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Rock alternativo: a banda sueca The Hives se apresenta no festival Lollapalooza,

realizado em março. A T4F vai assumir a organização do evento 

 

Ela vai abandonar o mercado de grandes shows. Em nota, a companhia afirmou que irá se concentrar em eventos ligados às marcas da Globo. O esvaziamento da GEO vinha acontecendo desde abril, quando desmontou sua unidade de eventos esportivos. No mês seguinte, demitiu seu diretor-geral, Leo Ganem. A causa do desmanche foi uma rápida deterioração do cenário para shows de grande porte no País, passado o boom do período entre 2010 e 2011. “Houve uma grande euforia”, diz um ex-executivo da empresa. “O mercado é muito difícil: há falta de locais, o problema dos ingressos de meia-entrada, muitos cambistas e preços altos.” Há pouco mais de um ano, o mercado parecia promissor, movimentando US$ 34 bilhões, segundo a consultoria britânica Euromonitor. 

 

No entanto, o fortalecimento do dólar frente ao real, além da forte competição, elevou o valor dos cachês internacionais às alturas. O sinal de alerta foi definitivamente aceso quando os shows de Lady Gaga e Madonna, organizados pela Time For Fun (T4F), em novembro e dezembro de 2012, decepcionaram. Nos meses seguintes, uma série de festivais foi cancelada. A Dream Factory, dona do Rock in Rio, desistiu de fazer o Sónar. O grupo Totalcom, do publicitário paulista Eduardo Fischer, resolveu “dar um tempo” com o SWU. Já o Planeta Terra, organizado pelo portal Terra, chegou a ser cancelado, até que a T4F decidiu entrar no projeto. Por sinal, será a T4F, do empresário Fernando Altério, que divide a liderança do mercado brasileiro com a XYZ, do grupo ABC, a substituta da GEO na organização do Lollapalooza em 2014.

 

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