03/05/2013 - 21:00
A indústria automotiva nacional perdeu, na segunda-feira 29, um dos seus executivos mais carismáticos e influentes. Presidente da Volkswagen no período 1973-1989, o alemão naturalizado brasileiro Wolfgang Sauer faleceu aos 83 anos vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele foi o principal líder do setor automobilístico, numa época em que o mercado era fechado, controlado por poucas montadoras. Sob sua gestão, a empresa alemã lançou boa parte dos seus carros de maior sucesso, como Gol, Voyage, Parati e Santana. Sauer também foi o articulador da criação da Autolatina, que uniu as operações da Volks e da Ford em 1987.
Luxo à antiga: sob a gestão de Sauer, a Volks lançou veículos de grande sucesso, como o Santana
De todos os modelos lançados em sua época, o mais marcante foi o Gol. O compacto entrou no mercado em 1981, com a missão de substituir o Fusca, que liderava o setor havia 23 anos. Com design inovador, o carro logo assumiu a primeira posição em vendas. Ainda hoje, o Gol é o carro mais vendido da história do Brasil e o único a atingir a marca de cinco milhões de unidades comercializadas. No final da década de 1970, no auge da crise do petróleo, Sauer fez da montadora alemã a pioneira no desenvolvimento de motores movidos a etanol. Em 1987 sua capacidade de negociação ficou evidente. Naquele ano, Ford e Volkswagen anunciaram a criação da Autolatina, uma joint venture que unia as operações das duas empresas no Brasil e na Argentina.
Foi o grande articulador da Autolatina, que uniu as operações brasileiras
da Ford e da Volkswagen, em 1987
Sauer foi o grande articulador por trás do acordo, que durou até 1996. O negócio evidenciou, ainda, a habilidade do executivo em dialogar com os sindicatos. Sauer era conhecido por não ceder às pressões do movimento sindicalista. Não por acaso, durante a greve dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em 1979, comandada por um certo Lula, a Volks era considerada o inimigo principal dos trabalhadores, o bastião a ser enfrentado e paralisado. E foi. Outro feito do executivo foi abrir a porta do mercado externo para as montadoras brasileiras. Na década de 1970, ele fechou com o Iraque um dos maiores contratos mundiais de exportação de um único modelo, o Passat. Para isso, Sauer aceitou receber petróleo como pagamento dos iraquianos.