A Braskem, controlada pela Odebrecht e pela Petrobras, tem uma posição invejável no Brasil. Ela detém 70% do mercado petroquímico nacional, sendo a principal fornecedora de matéria-prima para os fabricantes de plástico. Mesmo assim, dá prejuízo. Em 2012, foram R$ 738 milhões, apesar do lucro de R$ 275 milhões em seu quarto trimestre. É o segundo ano consecutivo no vermelho. Com uma receita líquida de R$ 35 bilhões, a companhia acredita que agora tem a receita para voltar ao azul. Vai acelerar a venda de ativos não estratégicos – o que vinha fazendo desde o ano passado e já rendeu mais de R$ 800 milhões só nos três últimos meses do ano – e congelar investimentos no chamado plástico verde, produzido a partir do etanol. “Não venderemos ativos abaixo do que acreditamos que valem”, afirmou o presidente Carlos Fadigas, em reunião com analistas, após a apresentação dos resultados da Braskem. 

 

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Carlos Fadigas, presidente da Braskem: ”Não venderemos ativos abaixo

do preço que acreditamos que valem”

 

A austeridade tem dois objetivos. O primeiro deles é reforçar o caixa da companhia. O segundo, como consequência, é ter fôlego para os investimentos considerados prioritários, como a construção do polo petroquímico Etileno XXI, no Estado mexicano de Vera Cruz. Além disso, a companhia também avaliará os investimentos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no município fluminense de Itaboraí. Nesses dois projetos, estima-se que terá de gastar uma dinheirama: aproximadamente US$ 8 bilhões. Só no Comperj, são estimados US$ 5 bilhões. “Neste momento, o projeto é 100% da Braskem, o que não descarta a possibilidade de discussão de uma associação com a Petrobras ou com o BNDES”, disse Fadigas. 

 

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Prioridade: as obras do Comperj estão atrasadas. Investimentos devem atingir US$ 5 bilhões

 

É fácil de entender a urgência desses dois projetos. Por trás de tudo isso está o gás de xisto, um insumo extraído de rochas profundas sob o solo da Costa Leste dos Estados Unidos. Ele serve de matéria-prima para a fabricação de resinas, com a vantagem de ser muito mais barato do que a nafta, utilizada pela Braskem em quase 80% de sua produção. A diferença no custo de produção, que chega a US$ 700 por tonelada, vem minando a competitividade das resinas brasileiras ante as fabricadas pelos americanos. E isso afeta a última linha do balanço da Braskem. Tanto o projeto mexicano quanto o Comperj são baseados em gás natural, que acompanha os preços do gás de xisto. Quando entrarem em operação, eles podem fazer com que a Braskem volte ao jogo ainda mais forte.

 

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