28/09/2013 - 7:00
Aos 85 anos, com um extenso currículo no setor público, o economista Antônio Delfim Netto ainda tem uma das palestras mais concorridas no meio empresarial. A um custo de R$ 20 mil, o ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura no governo militar faz apresentações de uma hora de duração recheadas de dados, ironia e bom humor. Há quem tente decifrar as suas palavras como se fossem uma indicação dos próximos passos do governo, dada a sua proximidade com o poder.
O professor: empresários da Eurocâmaras se divertem em palestra de Delfim Netto, em SP
Apesar de ser consultado pela presidenta Dilma Rousseff, o economista não deixa de criticar decisões que julga equivocadas. “Delfim desenvolveu a arte de conciliar a crítica ácida, cáustica e implacável com uma atitude sempre construtiva e cooperativa”, diz Octavio de Barros, diretor de Pesquisas Econômicas do Bradesco. Na terça-feira 24, a DINHEIRO acompanhou uma palestra promovida pela Eurocâmaras, em São Paulo, para um grupo de 100 empresários. Num balanço geral, a leitura de Delfim sobre o País é otimista. Veja, acima e ao lado, o que ele anda dizendo nas palestras e as opiniões que mais chamaram a atenção dos empresários presentes ao encontro da semana passada.
“O pessimismo na economia é um exagero” – sobre o suposto abandono do tripé macroeconômico, formado por meta de inflação, controle dos gastos públicos e câmbio flutuante
“Não dá para fixar qualidade e taxa de retorno” - sobre o erro do governo de estabelecer simultaneamente as exigências de investimentos nas concessões e o valor máximo das tarifas
“O câmbio só gera efeitos depois de dois anos” - sobre a expectativa equivocada de melhora repentina da balança comercial logo após uma desvalorização cambial
“A Marina representa a volta à Idade da Pedra” - sobre as propostas econômicas da pré-candidata marina silva, segunda colocada nas pesquisas
“O governo praticamente destruiu a Petrobras” - Comentário exagerado sobre a decisão do governo de segurar o preço da gasolina e, por tabela, sufocar o setor de etanol