13/05/2016 - 19:00
Filho da estilista Glorinha Pires Rebelo, conhecida por seus vestidos de noiva, o carioca Carlos Tufvesson cresceu em meio a tecidos, agulhas, tesouras e linhas. Figura carimbada dos bastidores da moda, pós-graduado pela conceituada Domus Academy, escola italiana de design e moda, Tufvesson agora é curador do Rio Moda Rio, evento criado para consertar um rasgo na capital fluminense, que não tinha uma semana de moda há dois anos. O estilista entendeu que o formato havia se esgotado, mas a grande exposição do Rio de Janeiro, em razão da Olimpíada, motivou Tufvesson a resgatar a semana de moda e a definir um calendário estratégico, em sintonia com as datas dos jogos.
A solução foi trazer novos personagens para o cenário. O primeiro foi o empresário Luiz Calainho, da L21 Participações, que tem, entre seus projetos, a feira de arte contemporânea ArtRio. Calainho, por sua vez, procurou Duda Magalhães, da Dream Factory, que organiza o Rock in Rio com Rodolfo Medina. Desde a última edição do Fashion Rio, em 2014, as principais marcas migraram para o SPFW. Na tentativa de resgatar o público, o trio chegou a um formato característico dos negócios nos quais estão envolvidos, o de plataforma, com programação multidisciplinar ao longo do ano.
A semana de desfiles será concentrada entre os dias 14 e 18 de junho, no Píer Mauá, que foi revitalizado para os jogos de agosto. Entre as marcas confirmadas estão Osklen, Lenny Niemeyer, Isabela Capeto, Blueman, Alessa, Patrícia Viera, Guto Carvalho Neto, Martu e Paradise. Com exceção dos desfiles, as atrações serão abertas ao público. Haverá shows, exposições, palestras em faculdades, workshops e um concurso para novos estilistas. Entre as novidades estão a extinção das estações do ano nas coleções e a venda de peças em pop-up stores, tendência nas principais semanas de moda do mundo, batizada de “see now, buy now”.
Estimulado pela Olimpíada, o evento já conta com R$ 15 milhões em patrocínio. “Parece clichê, mas crise é oportunidade”, diz Calainho. Uma das questões importantes para se trazer ao debate é a valorização da indústria da moda, o segundo maior gerador de empregos no Estado do Rio de Janeiro. O próximo passo, segundo Tufvesson, é discutir outras pautas para o segmento, como a criação de um selo ‘made in Rio’ e a possibilidade de se ter uma cadeia de produção inteira no estado. “A moda precisa ser vista como uma economia”.