Marcada para o dia 8 de dezembro, a Oferta Pública Inicial (Inital Public Offering, IPO) do Nubank pode ser histórica por vários motivos. Ao todo, o valor total da oferta global é calculado em US$ 3 bilhões ou, aproximadamente R$ 16 bilhões. Porém, a relevância vai além da capitalização do banco. Será a primeira vez que um programa de Brazilian Depositary Receipts (BDR) será estendido à massa dos investidores brasileiros. Na terça-feira (9), o banco iniciou o período de reservas para seus “pedacinhos”, que foi como a instituição financeira denominou os papéis a serem oferecidos aos investidores brasileiros. O Nubank estima que cada BDR vai representar 16,7% (ou 1/6) de uma ação ordinária classe A da holding do grupo, a Nu Holdings. Esse valor, porém, só será confirmado no encerramento do processo do IPO. A expectativa da companhia é de que as ações serão listadas em Nova York por cerca de US$ 10,50. Considerando-se a relação de 16,7% e o dólar da quarta-feira (10), os preços por BDR ficarão ao redor de R$ 9,52, apesar de serem oferecidos sem custo aos participantes. O Nubank vai doar entre 18,3 milhões e 22,9 milhões de BDRs para os clientes.

Esse é o ponto do IPO com maior potencial transformador. Quando criou uma empresa que oferecia um cartão de crédito descolado em 2013, o fundador David Vélez dizia que “não temos ‘bank’ em nosso nome por acaso”. Sua intenção, ao lado de Cristina Junqueira e Edward Wible foi criar um banco digital capaz de oferecer todos os serviços, começando pelos cartões, passando pelos investimentos com a aquisição da corretora Easynvest e chegando ao crédito. Quase nove anos e 35,3 milhões de clientes depois (dados do terceiro trimestre), o Nubank conquistou seu lugar no mercado e é, assim como a XP, um dos desafiantes viáveis aos gigantes de varejo. Porém, ao proporcionar BDRs sem custo a seus clientes — com um bloqueio de negociação de 12 meses — o banco pode fazer o mercado acionário brasileiro mudar de patamar.

US$ 3 bi é o valor da oferta global da maior fintech brasileira

MUITOS ACIONISTAS Fiel a suas origens digitais, o Nubank alterou sua plataforma para facilitar os investimentos. No próprio sistema, os usuários têm acesso à aquisição de um BDR, que será negociado com o ticker NUBR33. Os BDRs serão oferecidos aos clientes que cumpram alguns requisitos, como ter um saldo em conta e não estar inadimplentes. Apesar de o banco não comentar, as expectativas de boa parte do mercado são de que haverá grande interesse dos investidores. A queda dos juros desde 2019 elevou o número de brasileiros com ações em seu patrimônio para um recorde de 3,4 milhões. Demorou décadas para a B3 conseguir atrair tantos investidores. Se apenas 10% de seus clientes resolver participar do IPO, o Nubank pode fazer esse exército de acionistas dobrar ainda antes do fim de 2021.