26/07/2013 - 21:00
Como ministro da Fazenda, Guido Mantega sempre teve prioridade na agenda da presidenta Dilma Rousseff. Nas últimas semanas, porém, os encontros, que já eram frequentes, se tornaram diários. Juntos, o ministro e a presidenta, ambos economistas, repassam os indicadores brasileiros e internacionais, analisam o impacto da recessão na Europa e do baixo crescimento nos Estados Unidos e criam estratégias para tentar proteger o País do mau humor dos mercados internacionais. Nas últimas semanas, com os protestos nas ruas e as críticas à falta de dinamismo da economia brasileira, o governo estabeleceu uma prioridade: reconquistar a confiança dos investidores.
Mantega e Mirian Belchior: anúncio de cortes adicionais de R$ 10 bilhões, na segunda-feira 22
O primeiro passo foi garantir o cumprimento do superávit fiscal primário de 2,3% do PIB. O resultado fraco na arrecadação de impostos, que cresceu apenas 0,79% neste primeiro semestre, reforçou a necessidade de reduzir os gastos públicos. Na segunda-feira 22, Mantega e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, anunciaram um novo corte de despesas de R$ 10 bilhões, que se soma aos R$ 28 bilhões já bloqueados em maio e têm por objetivo cobrir eventual frustração do resultado primário dos Estados e municípios. “Estamos olhando para a qualidade do corte”, disse o ministro, destacando que o governo preservou os investimentos.
O novo corte decepcionou muitos analistas, já que o próprio ministro havia anunciado, duas semanas antes, que eles ficariam na casa dos R$ 15 bilhões. O governo desistiu de cortar as emendas parlamentares, para evitar maiores dificuldades na aprovação de seus projetos no Congresso. Na avaliação do Planalto, a nova tesourada no orçamento é apenas o primeiro passo. O que vai, de fato, acelerar o ritmo da economia são as concessões no setor de infraestrutura, a partir de agosto. Numa reunião na terça-feira 23, com o ministro dos Transportes, César Borges, e outras autoridades do setor, Dilma determinou que o cronograma das licitações seja cumprido à risca. Ferrovias, rodovias e trem-bala em agosto e os primeiros campos do pré-sal em outubro.
“Existe um interesse muito grande no Brasil, mas os investidores ainda estão avaliando quanto podem ganhar com um crescimento mais fraco da economia”, diz o economista Bernardo Stuhlberger Wjuniski, da consultoria americana Medley Global Advisors. De qualquer maneira, desde já há sinais positivos no ar. O investimento estrangeiro direto continuou forte em junho: US$ 7,1 bilhões no mês e US$ 65 bilhões no acumulado de 12 meses, mesmo volume de 2012. (leia reportagem aqui) e a geração de empregos continua, apesar do ritmo menor. Se o crescimento do PIB reagir no segundo semestre, como o governo espera, os pessimistas de sempre ficarão sem discurso.