Stuart Sutcliffe e Pete Best são dois nomes que a maioria dos mortais nunca ouviu falar. Para os fãs fanáticos dos Beatles, os dois fizeram parte da formação original da banda inglesa. 

 

O primeiro era baixista, enquanto o segundo foi o baterista substituído por Ringo Starr.  Ambos deixaram o conjunto antes da fama mundial. Entraram para a história, mas não embolsaram nenhum tostão.  O rosto abaixo é de outro ilustre desconhecido. 

 

Mas ao contrário de Sutcliffe e Best, ele ficou milionário com a sua criação. Jawed Karim, 31 anos, é o “quinto beatle” do YouTube. Ao lado de Chad Hurley e Steve Chen, criou o maior de site vídeos do planeta, comprado pelo Google por US$ 1,6 bilhão em 2006. 

 

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Jawed Karim, cofundador do Youtube

 

Com a venda, embolsou US$ 64 milhões em ações do gigante de internet e deixou o negócio.  Foi dele a ideia de permitir que qualquer pessoa publicasse seus vídeos no site. “Minha inspiração foi o site de compartilhamento de fotos Flickr”, afirmou Karim à DINHEIRO, durante viagem pelo Brasil em novembro.

 

A trajetória do “desconhecido” e milionário Karim foi contada para alunos da Fundação Getulio Vargas, em evento sobre empreendedorismo. Karim, formado em ciência da computação na Universidade de Stanford, a mesma dos fundadores do Yahoo! e do Google, atualmente mantém a Youniversity Venture, fundo de investimento para empresas universitárias. 

 

O fundo investe em 12 companhias novatas, entre elas a AirBnb.com, para programar viagens, e a GoMiso.com, uma espécie de Foursquare, rede social com elementos de games baseados na localização, só que para programas de tevê. Antes do YouTube, Karim havia trabalhado no PayPal, site que presta serviços de pagamentos e transferência de valores pela internet. Foi lá que conheceu Hurley e Chen.

 

Durante sua primeira passagem pelo Brasil, Karim desfilou um estilo despojado, típico dos jovens empreendedores do Vale do Silício, região onde estão as principais empresas de tecnologia dos EUA. O seu “uniforme” era composto de sapato social, calça jeans, camisa com a manga dobrada, ausência de relógio e outros adereços, além da barba por fazer.

 

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A informalidade não estava apenas no visual. Acessível, ele esbanjou timidez e simpatia. “Acredito que o Brasil tem potencial para crescer e se transformar em um novo Vale do Silício”, afirmou. Apesar de animado, ele não revelou se irá fazer investimentos no País. “Vocês têm boas ideias, empresas jovens e bons times à frente delas.”

 

Karim deixou ainda um conselho aos jovens empreendedores e estudantes brasileiros. “Pensem bem antes de vender as suas empresas. Nem todas têm a sorte do YouTube”, disse. “A internet exige uma busca incessante pela melhora do serviço. Não se deixem engessar.” Ao lado de Karim, enquanto ele conversava com DINHEIRO, estava Aber Whitcomb, cofundador do MySpace, que concordava com a cabeça. 

 

Para quem não se lembra, o MySpace crescia como um foguete quando o YouTube surgiu. Vendido à News Corp., do magnata Rupert Murdoch, a rede social encontrou justamente um ambiente coorporativo lento e resistente a mudanças. 

 

Resultado: perdeu sua competitividade e foi desbancado pelo Facebook. Detalhe: Karim é vizinho justamente de Mark Zuckerberg, o cofundador do Facebook. Incrível como esse mundo do Vale do Silício é pequeno, não?