Casamentos de celebridades sempre movimentam sonhos e fortunas ao redor do mundo. Quando os noivos são membros da família real britânica, então, o assunto vira notícia permanente de primeira página e horário nobre da televisão. 

 

O pedido de casamento do príncipe William à plebeia Kate Middleton, anunciado oficialmente na semana passada, trouxe de volta a aura mística que envolveu o enlace dos pais do noivo, Charles e Diana, há quase 30 anos. 

 

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Pombinhos: William e Kate no dia do anúncio do noivado

 

A felizarda, depois de alguns anos de espera, ganhou como prova de amor o mítico anel de safira e diamantes usado pela mãe do príncipe. A corte da rainha Elizabeth II está em êxtase e o governo do primeiro-ministro David Cameron, idem: o evento deve aumentar a popularidade da monarquia no século XXI e movimentará uma bolada de dinheiro estimada em até US$ 1 bilhão.

 

Os ingleses parecem ter se esquecido que o matrimônio da princesa Diana acabou em um divórcio rumoroso, após anos de infelicidade ao lado de um príncipe apaixonado pela feiosa Camilla Parker Bowles. Mas não importa, é hora de fazer festa e, claro, muitas e muitas contas – inclusive as suas, se também pretende se casar.

 

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Os pais: Charles e Diana, que usava o anel de 
noivado agora dado a Kate como prova de amor

 

O evento, ainda sem data marcada, tem muito a ensinar aos jovens ricos a respeito de como fazer gestão de fortunas em momentos cruciais como esse. A imprensa inglesa especula que, pela primeira vez na história da monarquia britânica, haverá um acordo pré-nupcial, a ser firmado entre William e Kate. 

 

Ela vem de uma família milionária, mas nada se compara à fortuna da família real. Embora seja uma espécie de blasfêmia imaginar uma separação antes do casório real e fazer um contrato com os termos do divórcio, não deixa de ser um hábito moderno cada vez mais comum entre casais endinheirados. 

 

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Os tios: Andrew e Sarah Ferguson, que vendia 
acesso ao ex-marido por 500 mil libras esterlinas

 

Como as separações não perdoam nem quem tem sangue azul, um contrato entre os noivos mais famosos do mundo no momento pode ser aceito pela vovó de William, Elisabeth II. Ela teria interesse em estabelecer cláusulas de privacidade e confidencialidade para resguardar a monarquia de possíveis escândalos, como os que envolveram seus filhos Charles e Andrew. 

 

O segundo separou-se de vez da polêmica duquesa de York, Sarah Ferguson, em 1996. Recentemente, ela foi flagrada vendendo acesso ao ex-marido por 500 mil libras. Por essas e outras, a noiva de William está sendo aconselhada a assinar a papelada antes de subir ao altar. “Se Kate fosse minha irmã, eu iria lhe sugerir que conseguisse um bom acordo pré-nupcial”, afirmou o ex-secretário particular de Lady Di Patrick Jephson.

 

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Tiger Woods e Elin: o bilionário do golfe teve casos extraconjugais, 
separou-se e teve de pagar estimados US$ 100 milhões para a ex-mulher

 

Há muitas vantagens em se celebrar um contrato pré-nupcial, um documento simples que determina como o patrimônio e o dinheiro do casal serão tratados no casamento e em caso de divórcio. Proteger o patrimônio antes de trocar alianças evita discussões durante a vida em comum e permite uma separação financeiramente amigável (leia quadro na página 138). 

 

O pacto deve ser registrado em cartório e de comum acordo, para que não possa ser denunciado posteriormente. “Com esse tipo de acordo, as regras do jogo ficam mais bem definidas e o casal reduz um fator de estresse na relação e também no final dela”, afirma o advogado Augusto Carneiro de Oliveira, do escritório Siqueira Castro.

 

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Pato e Sthefany: o jogador Alexandre Pato e a atriz 
Sthefany Brito previram indenização em pacto pré-nupcial

 

É possível definir a divisão dos bens conforme o tempo de união e incluir indenizações, caso a separação ocorra pelo que os advogados chamam de “justo motivo”: traição, abandono do lar, quebra de termos de confidencialidade e até comportamento inadequado, como os que envolveram celebridades que fizeram divórcios milionários e ruidosos. 

 

Os custos englobam as despesas com cartório e os honorários do advogado e dependem do tamanho e complexidade do patrimônio dos dois. “Os contratos mais usuais ficam em torno de R$ 1.500”, afirma a advogada Mayra Palópoli, do escritório Palópoli Advogados Associados. 

 

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Trump e Ivana: o titã Donald Trump teria pago 
US$ 20 milhões à ex-mulher, que recebeu imóveis e manteve as joias

 

Basta ter uma relação estável, com ou sem aliança, para suscitar direitos patrimoniais aos jovens casais. O príncipe e a namorada já vivem sob o mesmo teto há quase cinco anos, num tipo de união informal que vem aumentando no Brasil. 

 

Aqui, depois de três anos compartilhando o mesmo teto, a legislação prevê que a divisão dos bens em uma eventual separação ocorra sob o regime total de bens. Ou seja, tudo o que for adquirido antes da união também será dividido. 

 

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Para evitar que isso ocorra, o advogado Roberto Justo, sócio do escritório Choaib, Paiva e Justo Advogados Associados, sugere que seja estabelecido um pacto de convivência ou contrato de união estável. 

 

“O casal pode definir a divisão dos bens ou estabelecer o regime de separação que preferir”, diz. Quando há muito dinheiro em jogo, é preciso definir os termos monetários da relação. “O mais importante é que o casal tenha isso aberto entre si e estabeleça um meio termo, um novo padrão na vida que se inicia”, afirma o consultor de investimentos Mauro Calil.

 

 

Um negócio lucrativo

 

Mal foi anunciado o casamento do príncipe William, segundo na linha de sucessão do trono britânico, com Kate Middleton, e as empresas do Reino Unido entraram em polvorosa. De acordo com uma consultoria especializada em varejo, a Veredict, 17, a festa deverá injetar 

US$ 1 bilhão na economia do Reino Unido. A notícia é excelente para um país que espera um 2011 difícil, com aumento de impostos e de cortes de gastos.

 

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Suvenir real: lembranças do casal já são vendidas antes mesmo do casório 

 

Um dos impactos mais significativos deverá ser visto no setor de turismo. A família real tem milhares de fãs espalhados pelo mundo, ávidos por lembranças quando visitam a ilha europeia. Somente a venda de suvenires dos noivos deve render cerca de US$ 30 milhões. A Asda, segunda maior rede de supermercados do país, é uma das companhias que pretendem lucrar com as vendas desses produtos. E foi rápida: mesmo sem a data do enlace definida, anunciou a venda de canecas com os rostos dos noivos – por US$ 8 cada uma.

 

Muitas outras indústrias estão prontas para atender aos pedidos do comércio, sejam elas especializadas em confeccionar bandejas, fronhas, pratos ou toalhas de mesa. As comemorações podem impulsionar as vendas de champanhes, vinhos e alimentos em US$ 576 milhões. Tudo isso fora o que deve ser gasto com a própria cerimônia, cuja venda de produtos pode render US$ 40 milhões, segundo a consultoria. 

 

Érica Polo