O aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, durante décadas foi um dos símbolos do sucateamento da infraestrutura brasileira e da ineficiência da Infraero, a estatal do setor. Tão recorrente quanto os pousos e as decolagens eram as panes sufocantes do ar-condicionado, os “paus” nos sistemas de check-in, os constantes travamentos das esteiras de bagagens, entre muitos outros problemas. Mas parece que os tempos são outros no segundo mais movimentado terminal internacional do País, que recebeu 18 milhões de pessoas no ano passado, atrás apenas do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Os cerca de 1,5 milhão de turistas estrangeiros previstos para desembarcar no Galeão durante a Olimpíada Rio 2016, o dobro do registrado em períodos normais, poderão utilizar, por exemplo, um aplicativo de celular que fornece toda orientação para os visitantes, desde restaurantes e lojas, casas de câmbio e até a melhor opção de transporte para um hotel. “Desenvolvemos uma tecnologia inédita no Brasil para facilitar a vida dos passageiros, reduzir o tempo de espera e melhorar a experiência de quem entra ou sai do Brasil pelo nosso aeroporto”, afirma Luiz Rocha, presidente do RioGaleão, consórcio criado há dois anos pela Odebrecht Transport e a Changi Airports International, de Cingapura, para administrar o terminal, após a privatização. A Infraero continua com participação de 49%. 

O aplicativo, assim como toda a nova infraestrutura de tecnologia do terminal, foi desenvolvido pela americana Hewlett Packard Enterprise (HPE), a um custo de R$ 50 milhões. O degradado cabeamento do Galeão, com quase 30 anos de uso, deu lugar a mais de 100 quilômetros de fibra ótica, o que garante, entre outras coisas, oferta de wifi grátis em alta velocidade, sem limite de tempo. “Implementamos no Galeão o que há de mais moderno em termos de tecnologia”, diz Ricardo Brognoli, vice-presidente da HPE. “Apenas os aeroportos de Miami e Orlando possuem algo semelhante, mas muito menor do que está pronto no Rio de Janeiro”, afirma o executivo, referindo-se também ao sistema de localização, como um GPS, com três mil sensores bluetooth nos terminais.

O Galeão já recebeu mais de R$ 2 bilhões desde 2014, de um plano de R$ 5,2 bilhões programados para os próximos 23 anos. O maior desafio, agora, segundo o presidente do aeroporto, é equacionar os problemas enfrentados pela suspensão dos repasses do BNDES, que travou R$ 1,5 bilhão que deveriam ter sido emprestados ao RioGaleão em novembro do ano passado, como previa o contrato de concessão. “Não existem planos B ou C para o Galeão. Se não houver recursos do BNDES, como era combinado desde o início, não há sustentabilidade no negócio”, diz Rocha, que suspendeu o pagamento da outorga de R$ 900 milhões. “Assim como nós esperamos que os usuários gostem do novo aeroporto, esperamos que o BNDES destrave as negociações. Será bom para todos.”