94.jpg

 

Não é preciso ser quiromante para saber o que fazer para se aposentar. Resu­midamente, é algo muito simples. O futuro aposentado trabalha e guarda dinheiro. Ao chegar a uma certa idade, ele deixa de trabalhar e passa a viver dos recursos que acumulou. No entanto, a dificuldade, até para os mais capacitados videntes, é que esses dois momentos estão muito distantes no tempo e, enquanto o futuro não chega, muita coisa pode mudar. A mudança mais recente ocorreu nos últimos meses. Em 2012, os juros reais brasileiros caíram a seus menores níveis históricos desde o Plano Real, o que mexeu profundamente com a rentabilidade dos investimentos. 

 

95.jpg

Preste atenção aos prazos dos títulos em que os gestores investem

 

“Os juros reais, que chegaram a 25% ao ano, atualmente recuaram para pouco mais de 1% e não vão voltar aos patamares anteriores”, diz Eduardo Freitas, vice-presidente da Mapfre Serviços Financeiros. “Isso vai exigir uma mudança drástica na cabeça do investidor na hora de planejar sua aposentadoria.” O novo cenário é melhor para a economia brasileira, pois barateia o crédito e os investimentos, beneficiando empresários e trabalhadores. No entanto, quem está planejando sua aposentadoria está em uma situação mais difícil. Uma conta básica mostra como a situação mudou. “Com os juros anteriores, uma pessoa que tivesse R$ 1 milhão investido poderia obter R$ 70 mil por ano sem mexer no capital”, diz Osvaldo Nascimento, diretor-executivo do Itaú Unibanco. 

 

96.jpg

 

 

“Agora, com essa mesma cifra, ele obteria apenas R$ 15 mil por ano.” E, diz Nascimento, não há boa notícia. Com juros menores, o futuro aposentado terá de trabalhar mais tempo, poupar mais dinheiro ou conformar-se em receber menos quando deixar de trabalhar. Essas medidas, porém, são passivas e não dependem das decisões de investimento a ser tomadas ainda durante os anos de batente. Na hora de definir o que fazer com o seu dinheiro, é possível reduzir o impacto da queda dos juros por meio de algumas decisões simples. A primeira delas é tomar muito mais cuidado com os pequenos valores cobrados pelos bancos e pelo Imposto de Renda. 

 

97.jpg

 

 

O peso de itens como a taxa de administração, cobrada pelo fundo para administrar o dinheiro, e a taxa de carregamento – que cobre os serviços de administração do plano – será cada vez maior na conta final. Outro ponto é a mordida do Leão. Nas aplicações de prazo superior a dez anos, a alíquota de imposto de renda é de 10%, a menor Dentre os investimentos, e deixar de aproveitar essa vantagem é prejuízo certo. Outra recomendação dos especialistas é tomar cuidado com os prazos. Previdência é um assunto de longo prazo, na hora de começar e na destinação do dinheiro. “O melhor é que a pessoa inicie sua poupança para a aposentadoria no momento em que receber seu primeiro salário”, diz Lucio Flávio Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência. 

 

98.jpg

Novo cenário exige mais cuidado com as taxas cobradas pelos bancos e com a mordida do imposto de renda

 

Como o resgate do dinheiro ou o começo do benefício só vão ocorrer muitos anos depois, também é possível aproveitar boas oportunidades de mercado, como os fundos que compram títulos de renda fixa ou participações em empresas que só vão render frutos em um futuro distante. “O investidor tem de estar atento ao prazo dos títulos que o fundo compra e planejar suas aplicações de acordo”, diz Nascimento, do Itaú. O pior negócio é investir em um produto cuja estratégia seja investir no longo prazo e resgatar o dinheiro antes do tempo. Além de pagar mais imposto, corre-se o risco de não aproveitar a maturação dos investimentos. Pensando nessas mudanças, seguradoras e bancos preparam novos produtos. Para saber quais são, vire a página.

 

99.jpg

 

100.jpg