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Se 2012 foi o ano de segurar firme no leme e evitar a tempestade que tomou conta da Europa, 2013 traz uma perspectiva bem diferente. O cenário externo ainda não é de calmaria – a Europa deve continuar navegando entre a recessão e a estagnação, e os Estados Unidos ainda não retomam sua condição de locomotiva do crescimento mundial – mas a economia brasileira já consegue navegar com mais velocidade. Nos últimos anos, foi o consumo das famílias que puxou o crescimento. Agora, o esforço é deslanchar os investimentos. Decisões tomadas pelo governo nos últimos meses, e que tiveram efeito tímido neste ano, farão a diferença a partir de 2013. 

 

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A redução das taxas básicas de juros para 7,25% ao ano, o câmbio em torno de R$ 2,10, a desoneração da folha de pagamento para 40 setores a partir de janeiro e a diminuição do preço da energia elétrica devem aumentar a competitividade da indústria brasileira. Também começam a sair do papel nos próximos meses importantes projetos de infraestrutura envolvendo ferrovias, rodovias, portos e aeroportos. Além da oportunidade de investimento, devem reduzir o ainda elevado custo da logística no País. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz esperar um crescimento em torno de 4% em 2013, o mesmo número projetado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e por economistas do mercado ouvidos semanalmente pela instituição para o boletim Focus. 

 

Um avanço em relação ao crescimento esperado para este ano, em torno de 1,5%. Mais uma vez, o crescimento terá que ser buscado no mercado interno. A economia mundial continuará crescendo pouco. A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma expansão de 3,6% – mais do que neste ano, mas menos do que nos anteriores. As economias desenvolvidas crescerão apenas 1,5% no próximo ano, com expansão de 2,1% nos Estados Unidos e recessão em alguns países europeus. China e Índia – com alta de 8,2% e 6%, respectivamente – continuam liderando os índices de crescimento. Apesar disso, a projeção dos analistas ouvidos pelo Focus é que o Brasil receberá US$ 60 bilhões em investimento estrangeiro direto, praticamente o mesmo volume deste ano. 

 

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Além do mercado interno, cada vez maior, e dos investimentos em infraestrutura, outro foco de interesse das empresas estrangeiras é o setor de petróleo, que deve voltar a receber investimentos. “Se sair a 11ª rodada de petróleo, os estrangeiros vêm com força”, afirma o economista Daniel Keller de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Mas ele não acredita que será possível elevar o investimento num nível superior a 19,5% do PIB, como deseja o governo. “Vai melhorar, mas a taxa ainda é muito baixa”, afirma. Outra aposta do governo é o setor de construção civil. Incentivado pelo programa Minha Casa Minha Vida, para um público de baixa renda, e pelos financiamentos bancários para a classe média, o setor vem liderando a criação de empregos nos últimos anos.

 

Pressionada por um câmbio desfavorável durante boa parte deste ano, a indústria se prepara para recuperar em 2013 o mercado que foi perdido para os importados. “Vamos crescer em torno de 4% com uma expansão calcada no consumo”, diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade. Mas se mercado e governo concordam quanto ao ritmo de expansão da economia, as projeções são bem diferentes no que se refere ao custo de vida. “A inflação deve chegar ao centro da meta no terceiro trimestre de 2013”, diz o presidente do BC. Já o boletim Focus estima um índice de 5,4% para o próximo ano, ainda dentro do limite, mas acima do centro da meta, de 4,5%. 

 

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Mesmo com crescimento da indústria, a balança comercial deve sofrer com a queda nos preços das commodities exportadas. A previsão do mercado é que o superávit comercial caia para US$ 15 bilhões. O superávit primário, que este ano já terá desconto dos investimentos, também não deve ser integralmente cumprido no próximo ano. Ainda assim, a redução da taxa Selic vai diminuir os gastos com juros e permitir a redução de dívida em relação ao PIB mesmo com uma economia menor. Um dos grandes trunfos para 2013 continua sendo a melhora no nível de emprego. Em setembro o desemprego calculado pelo IBGE ficou em 5,4%, o menor nível para o mês da série. 

 

Em 2013, com o crescimento mais acelerado, deve cair ainda mais. “Com emprego e renda em alta, o consumidor está comprando”, resume o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe da Divisão de Economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O varejo deve fechar este ano com crescimento real entre 7,5% e 8%, cinco vezes mais do que o PIB. Para 2013, a expectativa é uma expansão em torno de 7%, quase o dobro do PIB. “A economia já pegou o embalo”, diz o economista da CNC. “O problema é que o ritmo ainda é lento.” Em 2013, por todas as previsões, o consumo continua forte. O esforço é para que o crescimento represente também um ganho maior para a indústria brasileira.

 

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