20/11/2015 - 17:00
Chefiando a Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva faz parte da linha de frente do governo da presidenta Dilma Rousseff na aproximação com os críticos de sua administração. O ex-prefeito de Araraquara esteve presente em encontro com empresários, em seminário do grupo Lide, na terça-feira 17, em São Paulo, e conversou com a DINHEIRO sobre as estratégias de comunicação e as perspectivas para o governo.
O governo pode destravar a sua capacidade de governar?
O ambiente econômico dará a possibilidade de retomar a nossa capacidade de diálogo. Os problemas não são pequenos. Mas, historicamente, o Brasil só superou as suas dificuldades estruturais com grandes pactos nacionais, quando os interesses do País foram colocados acima dos interesses partidários.
Como o governo pode recuperar sua credibilidade com a população?
A confiança se resgata por ações concretas. Não é a comunicação que faz isso. Uma parte do desgaste vem de uma imposição de respostas da sociedade ao governo. E existe uma necessidade de recuperação da credibilidade da atividade política, o que é mais preocupante.
Como o PT, que ampliou esse descrédito, poderia ajudar nessa reconstrução da credibilidade das instituições?
Seria hipocrisia dizer que o PT não cometeu erros. Mas ele cometeu erros como os outros partidos. As instituições são um reflexo da sociedade. Se não criarmos condições para que a sociedade avance, isso não muda. O PT precisa passar por uma reforma importante.
Que reforma seria essa?
Os erros do PT têm de ser superados. Temos de nos abrir a uma revisão programática, fazer a construção de novas bandeiras e estar em sintonia com as demandas da sociedade do século XXI.
Quais é o plano para a Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC?
A EBC precisa interagir com a sociedade, para cumprir a sua função. Então, precisa ter programas atrativos. Não podemos aceitar que as emissoras da EBC tenham índices tão baixos de audiência. Ela precisa reformular os seus objetivos, para fazer a comunicação de qualidade chegar onde a comunicação comercial não chegava.
O governo diminuiu neste ano os investimentos de publicidade. Qual é a proposta para o orçamento de 2016?
O governo restringiu os seus gastos. Vivemos um momento de ajuste econômico. Portanto, a Comunicação também fez a sua parte. Estou muito otimista em relação à retomada do crescimento econômico.
Uma cartilha do PT divulgada no começo de novembro ataca diversos veículos de imprensa. O governo concorda com eles?
Não sei como essa cartilha foi elaborada. O governo da presidenta Dilma é um governo do qual o PT faz parte. É o meu partido. Mas temos um governo de coalização. Portanto, as construções do governo são debatidas com aqueles que fazem a formulação das políticas públicas. O PT sempre é ouvido, mas temos de contemplar a coalização.
O governo considera que os grandes veículos de comunicação têm uma posição hostil?
Não fazemos essa leitura. É claro que existem veículos com posições editoriais mais duras e antagônicas. Há os que editorializam todas as matérias. Mas o governo não enxerga isso como um problema.
A redistribuição dos valores de publicidade não pode ser uma ferramenta de pressão financeira à mídia?
Existe uma normatização em relação à distribuição de recursos. É uma norma técnica, pública, conhecida pelos tribunais de contas, pelos veículos de comunicação, pelas agências e pelo Ministério Público.Os recursos são destinados de acordo com a audiência. Nunca deixaremos de utilizar a norma técnica.
O que pensa dos rumores constantes em torno da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy?
Há muita especulação em relação ao Levy. Não é bom, porque gera uma instabilidade desnecessária à economia. Mas se tornou uma coisa tão corriqueira que os agentes econômicos nem acreditam mais quando as especulações são publicadas.