Quando se projeta o futuro econômico brasileiro, nenhum negócio é tão promissor quanto o do petróleo. A expectativa é de que, em 2020, o País supere a marca dos 6,4 milhões de barris diários produzidos – hoje está em 2,2 milhões. Para alcançar esse objetivo, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) calcula que serão demandados US$ 400 bilhões em equipamentos e serviços, proporcionando um ciclo virtuoso de investimentos no País. Daqui a oito anos, a indústria do petróleo, liderada pela Petrobras, deverá representar 20% do PIB, o dobro da participação atual. Em 1997, ano no qual a DINHEIRO começou a circular, representava 3% do PIB. Naquele ano, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei 9.478 que quebrou o monopólio estatal e criou a ANP. 

 

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Graça Foster: em suas mãos, um investimento de US$ 225 bilhões até 2015.

 

De acordo com o consultor Marcos Panassol, da PWC, o fim do monopólio criou as condições para o surgimento das petrolíferas privadas brasileiras e atraiu investimentos internacionais. Ainda assim, é a Petrobras quem domina o setor. A estatal, comandada pela executiva mineira Graça Foster, desenvolve o maior plano de investimentos do mundo. Do ano passado até 2015, a Petrobras vai gastar US$ 224,7 bilhões para explorar novos poços, extrair petróleo em águas profundas e no pré-sal, tirar gás e produzir etanol e fertilizantes. O Brasil vai receber 95% desses investimentos. Equipamentos, como sondas, plataformas e navios, terão de ser produzidos majoritariamente pela indústria brasileira, o que tem atraído a atenção de grandes fornecedores mundiais para o País. A Petrobras, no entanto, não foi a única empresa a tirar proveito do boom do petróleo no Brasil. 

 

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A nova geração: Márcio Mello (à esq.), da HRT, e Eike Batista, da OGX, fazem parte do time

de empreendores privados nacionais que investe na exploração de petróleo.

 

Em agosto de 2002, publicava “O petróleo brasileiro da Shell”, informando que, pela primeira vez na história, uma empresa privada extraía óleo em território nacional. Pelo menos três empresas de capital nacional de porte estão também na corrida pela exploração do “ouro negro”. São elas a OGX, do empresário Eike Batista, a HRT, de Márcio Rocha Mello, e a Queiroz Galvão Óleo e Gás, do grupo Queiroz Galvão. “Um grupo empresarial que conhece o Brasil há tanto tempo não poderia ficar de fora deste momento tão promissor da indústria de óleo e gás”, afirmou Antonio Augusto de Queiroz Galvão, presidente do conselho de administração do grupo à DINHEIRO, na ocasião da abertura de capital da empresa, em fevereiro de 2011. As três petrolíferas iniciaram 2012 projetando investimentos que somam US$ 7,5 bilhões até 2015. 

 

Segundo o CEO da HRT O&G, Milton Franke, no biênio 2012/2013 a empresa aplicará entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,6 bilhão. A HRT possui 21 blocos de exploração na Bacia do Solimões, no Amazonas, e 12 blocos na Namíbia, na costa oeste da África. A expectativa no mercado é de que a produção comece ainda em 2012. “Em poucos anos de atividades, nós e as outras empresas brasileiras que surgiram nos últimos anos nos tornamos players importantes no País e no Exterior, o que demonstra o potencial do empreendedor nacional”, diz Franke. O boom do petróleo mudou também definitivamente a trajetória de empresas como a sorocabana Jaraguá Equipamentos, que tem a expectativa de faturar, pela primeira vez, acima de R$ 1 bilhão em 2012, valor quase dez vezes superior ao alcançado há uma década. “Hoje, 80% de nosso faturamento vem do setor de petróleo”, diz Nasareno Neves, vice-presidente da Jaraguá. 

 

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Em dezembro, a companhia concluiu investimentos de R$ 15 milhões para erguer em Pernambuco sua terceira fábrica, concebida para atender a um contrato de R$ 1,5 bilhão para fornecer tubulações e estruturas para os 18 fornos petroquímicos da Refinaria Abreu e Lima. As multinacionais também aumentaram suas apostas no País. A GE Oil & Gas, empresa que desde 2007 já forneceu mais de 300 sistemas de cabeça de poço submarinos para 11 operadoras diferentes, realiza investimentos que somam US$ 260 milhões para ampliar suas unidades em Niterói, Macaé e Jandira. O grupo GE também está colocando US$ 170 milhões para erguer um centro de pesquisa no Rio. “A oportunidade de desenvolver tecnologias para exploração no pré-sal foi determinante na escolha do Brasil como sede do novo centro”, diz João Geraldo Ferreira, presidente da GE Oil & Gas na América Latina.

 

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